Passados 10 dias do incêndio que matou 238 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, veja questões já respondidas e o que ainda falta ser apurado pelos investigadores.
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AS CAUSAS
Qual foi a principal causa da tragédia?
Segundo o delegado Marcelo Arigony, que lidera as investigações, a principal causa da tragédia foi a espuma instalada no teto para abafar o som. Ao pegar fogo, provavelmente em função de um sputnik (sinalizador) usado pela banda Gurizada Fandangueira, a espuma teria liberado gás tóxico semelhante ao utilizado nas câmaras de gás nazistas. Mas essa não é a única causa. Há um conjunto de situações em análise, incluindo a falta de saídas de emergência, extintores que não funcionaram, superlotação e alvarás concedidos de forma irregular.
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O SPUTNIK
Quem comprou o sputnik?
Conforme o inquérito policial, foi o produtor da banda, Luciano Augusto Bonilha Leão, na loja Kaboom Pirotecnia, em Santa Maria. Ele confirmou isso em depoimento.
Quem acionou o sputnik?
Segundo a Polícia Civil, o sputnik foi acionado pelo vocalista da banda, Marcelo de Jesus Santos. Testemunhas confirmaram que ele teria levantado o sinalizador com a mão e que uma faísca teria sido a causa do incêndio, na espuma acústica localizada no teto do palco. Santos defende-se, alegando que a causa teria sido um curto circuito.
Se o sputnik fosse específico para ambientes internos, o resultado seria diferente?
Sim, já que esse equipamento é produzido para não provocar a combustão de produtos inflamáveis.
A loja Kaboom Pirotecnia, que vendeu o sputnik, será penalizada?
Ainda não se sabe. Isso vai depender das conclusões do inquérito.
A ESPUMA
Quem mandou instalar a espuma?
Há controvérsia. Kiko, um dos donos da Kiss, diz que foi Miguel Ângelo Pedroso, engenheiro contratado para realizar uma reforma. O engenheiro assegura que jamais recomendou o uso do material.
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Se o uso dado ao material foi inadequado, o fabricante da espuma pode ser penalizado?
Por enquanto, não há uma nada confirmado. A responsabilidade do fabricante é investigada pela Polícia Civil.
Quem é o fornecedor da espuma?
A espuma foi comprada pelos donos da danceteria em uma loja de colchões de Santa Maria. De acordo com o proprietário do estabelecimento comercial, Flávio Boeira, o responsável pela reforma na Kiss encomendava o material e ele providenciava com a empresa fabricante, cujo nome não foi divulgado.
Quem instalou a espuma?
Segundo a Polícia Civil, um dos responsáveis pela instalação foi o barman da boate. Ele confirmou que os donos pediam que os funcionários ajudassem nas obras feitas no prédio, entre elas a colocação da espuma.
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AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA
Se a boate tivesse condições adequadas de segurança, como saídas de emergência e extintores funcionando, o incêndio teria provocado tantas mortes?
Provavelmente não. Mas essa resposta será dada pela perícia.
Se o Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) apresentado pela boate Kiss era inconsistente desde o início, como a boate conseguiu autorização para funcionar em 29 de agosto de 2009 e renovou a autorização em 11 de agosto de 2011?
Essa pergunta ainda não tem resposta. A Polícia Civil investiga a causa da falha. O Corpo de Bombeiros, até o momento, não se manifesta.
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Por que a prefeitura não fechou o estabelecimento quando o alvará dos bombeiros estava vencido?
Segundo a prefeitura, a responsabilidade não era dela. Era dos bombeiros.
A INVESTIGAÇÃO
Quantas pessoas já foram ouvidas pela Polícia Civil?
Cerca de 80. Mas já foram identificadas 575 pessoas a serem ouvidas pelos policiais.
A RESPONSABILIZAÇÃO
O bombeiro que concedeu o primeiro alvará será penalizado?
É possível, se ficar comprovado que houve negligência. Ele deve ser ouvido nos próximos dias pela Polícia Civil.
Os profissionais envolvidos no projeto de reforma da boate serão responsabilizados?
Também é possível, mas isso ainda está em investigação.
Quem foi preso até agora?
Os dois proprietários, Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda, o vocalista Marcelo de Jesus Santos e o produtor, Luciano Augusto Bonilha Leão. Eles foram presos temporariamente porque a Justiça entendeu que era necessário para garantir o andamento das investigações.

