Quando aceitou a proposta de uma revista alemã para que concedesse uma entrevista na qual as respostas seriam apenas gestos, o economista Peer Steinbrück, 66 anos, cabeça da lista do Partido Social-democrata Alemão (SPD, na sigla em alemão), não imaginou que estaria prestes a produzir a imagem símbolo da campanha eleitoral de 2013.
Continua depois da publicidade
O objetivo de Steinbrück era fazer um contraponto aos que o acusavam de cometer um excesso de gafes. A capa da revista acabou mostrando o candidato fazendo um gesto obsceno com o dedo.
Nascido em Hamburgo, numa família burguesa, Steinbrück é um hedonista confesso. Durante um debate sobre subsídios familiares, afirmou que não compraria “nunca uma garrafa (de vinho) de apenas 5 euros”. Foi alvo de chacota por ganhar 1,25 milhão de euros em três anos por meio de bem remuneradas conferências. Também classificou de insuficiente o salário de chefe de governo. Tudo isso lhe valeu a imagem de homem afastado das classes menos favorecidas – pecha desconfortável para quem pretende representar um partido fundado por Friedrich Engels, co-autor, com Karl Marx, do Manifesto Comunista, e que propõe um salário mínimo de 8,50 euros por hora.
Candidato prega “campanha divertida”
Os escorregões de Steinbrück não são o único obstáculo enfrentado pelo SPD. No início dos anos 2000, o governo social-democrata de Gerhard Schroeder realizou um conjunto de reformas econômicas impopulares. O atual líder também foi ministro das Finanças no período mais difícil da crise do euro, do final de 2008 a 2009, num governo de coalizão com os conservadores da União Democrata Cristã (CDU, em alemão), da atual chanceler, Angela Merkel. A recessão chegou à economia alemã e o impediu de colher os frutos da rígida ortodoxia orçamentária. Em 2005, sofreu uma dura derrota ao perder nas eleições o Estado da Renânia do Norte-Westfália (oeste), bastião industrial da esquerda, depois de tê-lo governado por dois anos e meio. A vitória da direita no Estado mais populoso do país levou Schroeder a convocar eleições legislativas antecipadas, que Merkel venceu.
Continua depois da publicidade
Bom orador, Steinbruck fica menos confortável no cara a cara com os cidadãos. Tentou se mostrar como um homem de ação, autêntico e enérgico frente a uma chanceler vista frequentemente como esquiva e branda.
– Fui eu mesmo. Respondo com espontaneidade. É preciso tentar fazer com que a campanha seja divertida – afirmou durante a polêmica sobre seu gesto de mau gosto.