Equilíbrio e continuidade são as palavras mais utilizadas pelo técnico Gilmar Dal Pozzo nas entrevistas. O técnico tenta passar uma postura inabalável, independentemente do resultado. Defende o grupo de jogadores e procura repetir as escalações, mesmo sob críticas. Claro que às vezes ele fecha um pouco a cara quando a pergunta é um pouco mais ácida. Mas logo retoma o discurso inicial.

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A longa carreira de goleiro, de 1989 a 2007, o ajudou a observar a partida e a ter a frieza para saber a hora certa de agir. Um de seus maiores momentos de glória foi a defesa do pênalti de Ronaldinho Gaúcho, em 2000, na vitória por 3 a 0 diante do Grêmio que encaminhou o título gaúcho para o Caxias.

Foi nessa época que o cartunista Iotti o apelidou de “Pokemón”, brincando com o nome do desenho e as mãos grandes do goleiro. Mãos que, aliás, sabem o que é trabalhar duro. Antes das luvas macias, ele cresceu na agricultura. Natural de Quilombo, aos dois anos foi para Santa Isabel do Oeste (PR) e, posteriormente, morou em Paraí (RS). Lá, conheceu a mulher, Cláudia, com quem teve as filhas Letícia e Daniela.

Letícia conta que Dal Pozzo é um pai que cobra e ao mesmo tempo é amigo. E Dal Pozzo diz que trata os jogadores como trata suas filhas. É um paizão, que demonstra ter o grupo na mão. A postura rendeu elogios até do presidente Sandro Pallaoro.

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– Ele é muito equilibrado – afirmou.

Acostumado a quebrar pedra antes de ser jogador, Dal Pozzo vive de trabalho. Mesmo em casa, vive assistindo a jogos, lendo e buscando informações. Para ser técnico, fez até curso de oratória. Nesta semana, assistiu todos os dias à primeira partida da final, em Criciúma, sempre em busca de um detalhe que precisa ser corrigido.

Dal Pozzo é muito metódico. Sua mala tem que ser arrumada sempre do mesmo jeito e na mesma ordem. Quando está numa decisão, procura se concentrar somente no jogo. A mulher, Cláudia, é quem cuida de todos os afazeres da casa, contas e outras demandas. Gilmar procura se manter concentrado e evita qualquer coisa que o perturbe. E também tem alguns rituais. Usa a mesma calça em todos os jogos. Toda terça-feira, vai à missa na Catedral Santo Antônio. E toda semana, Cláudia também precisa fazer seu prato predileto: salmão. O chimarrão também é constante na mão do treinador.

Mesmo se apegando à fé, ele sabe que nada vem de graça. Por isso seu livro predileto é A Bola Não Entra Por Acaso, de Ferran Soriano. À beira do gramado, ele é agitado e conversa bastante com os jogadores. Chega a lembrar o técnico do Corinthians, Tite, que é seu amigo. Dal Pozzo diz que a semelhança é apenas pela origem de famílias italianas. Domingo, se vencer, poderá cantar sua música predileta: We Are The Champions.

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