Perder a pessoa amada pode literalmente partir o coração. É o que cardiologistas americanos descobriram, ao analisar dados de 2 mil sobreviventes de ataques cardíacos. O estudo revelou que os riscos de um ataque aumentam vertiginosamente na primeira semana após a perda de um ente querido, especialmente se for da família. Este risco elevado atingiu de um em cada grupo de 320 pessoas em alto risco, quando o índice habitual no grupo com baixo risco é que um por 1.394 pessoas.
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O estudo é o primeiro a analisar especificamente o risco de ataque cardíaco nos primeiros dias e semanas de luto. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que cônjuges de luto têm mais risco a longo prazo de morrer com doença cardíaca e acidente vascular cerebral _ o que leva ao fenômeno conhecido como “síndrome do coração partido”.
Especialistas acreditam que o estresse causado por luto tem efeitos imediatos para a saúde enquanto que a perda de sono e apetite podem deprimir o sistema imunológico queridos, o que agrava condições médicas existentes. A tensão emocional também faz com que alguns parceiros de luto tenham dificuldades para retomar suas próprias vidas enquanto outros negligenciam sua saúde e sua dieta por causa da dor de sua perda.
O cardiologista Murray Mittleman, que também é epidemiologista da Harvard Medical School, em Boston, comenta que “cuidadores, profissionais de saúde e pessoas que passaram pelo trauma do luto precisam reconhecer que estão em um período de aumento do risco cardíaco nos dias e semanas depois que alguém próximo morreu”
Pesquisadores da Harvard Medical School revisaram o prontuário de atendimento e entrevistaram 1.985 pacientes do hospital em Boston, todos com pelo menos um episódio de doença coronariana entre 1989 e 1994. Os pacientes responderam perguntas sobre as circunstâncias de seus ataques cardíacos, bem como se recentemente haviam perdido alguém importante em suas vidas no ano anterior, quando a morte havia ocorrido e qual a importância de seu relacionamento com a pessoa falecida.
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Os investigadores estimaram o risco relativo de um ataque cardíaco, comparando o número de pacientes que tiveram alguém próximo a eles morto na semana anterior ao de seu ataque cardíaco com o número de mortes de pessoas importantes em suas vidas no prazo entre um e seis meses antes de ataque cardíaco .
Eles descobriram que, depois da morte de uma pessoa significativa, os riscos de ataque cardíaco aumentaram em 21 vezes em relação ao nível habitual, e isto sobretudo durante o primeiro dia após a perda.
O risco era quase seis vezes maior do que o habitual na primeira semana após a perda e diminuiu, de forma constante, durante os primeiros meses, segundo relatório publicado no Journal of the American Heart Association.
O estudo mostrou que as pessoas enlutadas com alto risco de um ataque cardíaco tinham quatro vezes mais probabilidades de sucumbir que as pessoas que continuavam tendo baixo risco.
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O estresse psicológico causado pela dor intensa aumenta a freqüência cardíaca, a pressão arterial e a coagulação do sangue, o que, no curto prazo, também pode aumentar as chances de um ataque cardíaco. Os sintomas de ataque cardíaco incluem desconforto no peito e na parte superior do corpo, ou dor de estômago, além de falta de ar, provocando suor frio, náuseas ou vertigens.
A pesquisadora Elizabeth Mostofsky comentou que as pessoas de luto podem negligenciar seu bem-estar próprio, esquecendo-se de tomar a medicação para o coração e para outros problemas médicos.
– Amigos e familiares de pessoas enlutadas devem apoiar perto aqueles que eram mais próximos da pessoa que faleceu a fim de ajudar a impedir tais incidentes, especialmente no período mais próximo ao início do processo de luto. Durante as situações de dor extrema e sofrimento psicológico, você ainda precisa cuidar de si mesmo e procurar ajuda médica para os sintomas associados a um ataque cardíaco.