O sol ainda não tinha aparecido e o agricultor José Lino Pfleger, 56 anos, tomava sua xicara de café na cozinha aquecida pelo fogão a lenha. Protegido do intenso frio observava pela janela a forte geada que castigava seus cinco hectares de plantação.

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Na localidade de Rio das Antas, em Angelina, a geada negra não chegou e os campos ficaram cobertos de branco. O agricultor saiu para observar suas plantações de repolho, couve-flor, salsa, pimenta, brocolis e beterraba. A expressão não era das mais animadoras.

– Não deu a geada negra, mas mesmo assim, esta destruiu praticamente toda a nossa plantação – disse o agricultor com um forte sotaque alemão.

Como trabalha na lavoura desde criança, para ele a melhor previsão do tempo é feita um dia antes. Pfleger Observa os fatores climáticos, e explica que a geada queima a planta por dentro e a deixa com um tom mais escuro, sem as características ideais para a venda.

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Calmamente fecha seu palheiro com uma das mãos. Com a outra, segura uma couve e a observa. Acende seu palheiro e lembra:

– Esta é a renda da família. Perdemos tudo.

O silêncio do desânimo é interrompido pelos pássaros e pela força de vontade do agricultor.

– Não podemos parar. Vamos começar tudo de novo.

Os pés congelam ao passar no meio das plantações cobertas de geada, que quebram com uma facilidade incrível. Acostumado às temperaturas baixas, o agricultor alerta:

– Vem mais frio por aí.

Segundo o prefeito de Angelina, José Nilton da Silva, um levantamento do estrago deve ser feito pela Epagri ainda nesta quarta, mas por enquanto pode-se estimar que pelo menos 70% dos agricultores da cidade tenham tido perdas com a geada.

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Há registros de perdas também em Rancho Queimado, Major Gercino e Leoberto Leal, que fazem divisa com Angelina, e em diferentes regiões do Estado, como Chapecó, Joinville, Jaraguá do Sul e Lages.

Confira a galeria de fotos da geada que atingiu SC: