A prefeitura de Pequim tomou nesta segunda-feira uma decisão corajosa no país que mais produz cigarros e tem o maior número de fumantes do mundo (350 milhões), ao proibir, a partir do próximo dia 1º de maio, que as pessoas fumem em lugares públicos.
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A medida, segundo informou a imprensa chinesa, foi aplicada também para manter a promessa de que a Olimpíada será “livre do cigarro”. Restrições ao fumo em lugares públicos já foram impostas em Pequim e em outras 150 cidades chinesas.
Na capital do país, desde 1996 é proibido fumar nas escolas, nas instalações esportivas e nos cinemas. A partir de maio a proibição será estendida a restaurantes, bares, cafés, hotéis, e todas as áreas fechadas dos hospitais.
Entre outras medidas, os hotéis deverão ter quartos para não fumantes. Os donos dos locais que não aplicarem a nova regra deverão pagar uma multa de cerca de R$1,3 mil, enquanto para os fumantes, segundo funcionários da prefeitura, foi proposta uma multa de aproximadamente R$50.
Nem todos os comentários foram positivos à medida, sobretudo nos restaurantes.
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– Para os chineses, os cigarros são uma parte importante da refeição – sustenta Zhao Yingqi, gerente do restaurante Jingweilou, localizado no centro de Pequim.
Um fumante chamado Xie afirmou, no entanto, que “não seria uma má idéia criar restaurantes para não fumantes”, contanto que nos outros continuasse permitido fumar à vontade.
Segundo uma pesquisa recente do Centro de Controle das Doenças de Pequim, 67% dos chineses sustentam que o hábito de fumar é “útil” para a vida social. Compartilham dessa opinião 52% das mulheres e 45% dos não fumantes. Segundo os dados do Centro, o consumo de cigarro aumenta na China a um ritmo de 3,9% ao ano, enquanto no ocidente a taxa é de -1,4% ao ano.
Em âmbito nacional, as tentativas de introduzir uma legislação antifumo na Assembléia Nacional do Povo (o Parlamento chinês) foram até o momento rejeitadas pelo lobby dos aliados da SMTA, a companhia pública que detém o monopólio da produção de tabaco e que fornece aos cofres públicos 10% de sua arrecadação anual.
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Intervindo no debate, durante a sessão da Assembléia do ano passado, o deputado Zhang Baozhen, que é também o vice-diretor da SMTA, sustentou que as medidas antifumo poderão “ameaçar a estabilidade social”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sustenta que o primeiro passo para uma batalha eficaz contra o fumo seria deixar a produção de tabaco para as empresas privadas.