A China autorizará as empresas estrangeiras a controlar bancos e outras entidades financeiras, anunciou Pequim nesta sexta-feira, pouco depois da visita do presidente americano Donald Trump.

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As restrições drásticas ao setor financeiro chinês são muito criticadas por Bruxelas e Washington.

Trump, que fez do déficit comercial americano um dos principais ataques contra a China, pediu na quinta-feira em Pequim, em reunião com o mandatário Xi Jinping, condições “mais equitativas” às empresas americanas.

O vice-eministro chinês das Finanças, Zhu Guangyao, anunciou nesta sexta-feira uma ampla flexibilização do setor financeiro, resultado de um “consenso” obtido na véspera.

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A partir de agora, as empresas estrangeiras podem ter até 51% das ações projetos conjuntos em setores de ações, negócio de contratos futuros e gestão de ativos, segundo o vice-ministro das Finanças, Zhu Guangyao. Atualmemte a participação limite é de 49%.

Em três anos esse limite também deverá ser eliminado. No âmbito dos seguros de vida, este patamar se ampliará a 51% dentro de três anos.

Além disso, os regulamentos que impedem hoje em dia que acionistas estrangeiros tenham participações majoritárias nos bancos “serão suprimidos”, acrescentou o vice-ministro, sem dar prazos.

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Até o momento, um investidor estrangeiro não pode ter mais de 20% do capital de um banco e um estabelecimento bancário não pode ter no total mais de um quarto de seu capital em mãos estrangeiras.

Consequentemente, os bancos estrangeiros que quiserem entrar no gigantesco mercado chinês estarão condenados a desempenhar um papel muito marginal: sua fatia de mercado era estimada em somente 1,38% no final de 2015, em comparação a 2,2% em 2008, segundo a câmara de comércio europeia em Pequim.

Enquanto isso, as empresas financeiras chinesas (Haitong, ICBC, Anbang, entre outras) têm no exterior participação e investimentos no mercado financeiro e nas seguradoras, especialmente na Europa.

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– ‘Marco histórico’ –

O anúncio desta sexta-feira pode mudar essa situação, embora os especialistas demonstrem prudência em relação à implementação e às margens de manobra reais que os grupos estrangeiros terão.

“Estou ansioso para ver os detalhes, já que a abertura do setor financeiro poderia melhorar drasticamente o acesso a recursos financeiros na China”, garante William Zarit, presidente da câmera de comércio dos EUA no país.

“Essas restrições, como muitas outras que precisam ser suprimidas, entorpecem a atividade econômica há muito tempo”, declarou à AFP.

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Trata-se de um “marco histórico no progresso da China para abrir a economia”, considerou Larry Hu, analista de Macquarie citado pela Bloomberg.

Outro sinal das boas intenções por parte de Pequim é que a China vai “gradualmente, e em ritmo adequado, reduzir as tarifas alfandegárias” para as importações de automóveis, prometeu Zhu Guangyao, sem dar mais detalhes.

Este é outro setor submetido a restrições. As fabricantes europeias são obrigadas a criar na China co-empresas (joint ventures) que não podem controlar.

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O vice-primeiro-ministro Wang Yang lembrou nesta sexta-feira que as empresas estrangeiras não são obrigadas a compartilhar seus sigilos tecnológicos para ter acesso ao mercado chinês, uma reiterada acusação de Washington, que abriu recentemente uma investigação sobre este tema.

Nesses últimos anos, o regime comunista já havia dado alguns pasos para abrir seus mercados financeiros.

Lançou, por exemplo, duas plataformas de transação que conectam as Bolsas de Xangai e Shenzhen, isoladas do exterior, com a de Hong Kong, aberta internacionalmente.

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* AFP