A Pepe, criptomoeda baseada no meme de um sapo verde, valorizou 7.000% em menos de 20 dias de sua criação, de acordo com a CoinMarketCap. Segundo o g1, o auge em valor de mercado foi em 5 de maio, de US$ 1,5 bilhão. Após o pico, houve queda, em 23 de maio, para menos de US$ 625 milhões.
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Conhecidas como “memecoins”, as moedas-meme como a Pepe utilizam imagens virais da internet para se popularizar. Não é à atoa que a Pepe entrou para os trend topics das redes sociais.
Ao contrário das convencionais, como o Bitcoin, essa modalidade costuma ser frágil tecnologicamente. Desenvolvidas de forma simples, costumam ser menos seguras. Além disso, não possuem um propósito formador, como ser um meio de pagamento ou ter utilidade técnica. Segundo especialistas ouvidos pelo g1, elas funcionam como “piadas”.
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Para o CEO do Cointimes, Isac Honorato, as moedas se popularizaram pela necessidade de pertencer à uma comunidade e o fear of missing out (Fomo) — medo de não participar de algo em português.
— O Fomo acaba acontecendo de forma muito rápida. Ele e o sentimento de pertencimento são os únicos pilares de projetos que caracterizam os memecoins. São projetos que não têm nenhuma proposta clara, não têm tecnologia avançada — disse ao g1.
De acordo com ele, “qualquer pessoa consultando um tutorial na internet, com um vídeo de cinco a dez minutos, consegue lançar uma criptomoeda”. Isso abre margem para pessoas mal intencionadas.
— Elas criam esse tipo de projeto e alavancam esse ambiente de “medo de ficar de fora”, com a promessa de gerar muito dinheiro. Nos outros casos, pode ser puramente uma piada, como é o caso da criptomoeda Pepe.
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Inspirada no desenho animado “Pepe The Frog”, o meme se tornou piada no ambiente digital estadunidense, mas foi apropriado por movimentos supremacistas de extrema-direita.
— O Bitcoin foi criado com a ideia de descentralizar [o mercado de pagamentos]. A Ethereum, com o propósito de, além de realizar transações, rodar scripts [códigos de programação para execução de tarefas], enquanto as outras moedas surgiram para tentar agregar algum aspecto técnico — explica o coordenador do curso de Engenharia de Computação do Insper, Raul Ikeda.
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Por que as moedas-meme valorizam muito?
Para especialistas, as moedas-meme são extremamente suscetíveis à especulação e, por ela, ganham valor. É o caso, por exemplo, da Dogecoin, criada pelo bilionário Elon Musk. Lançada em 2013, que leva o rosto do cachorro Kabosu, da raça Shiba Inu, que também é um meme na internet. Em um mês, a moeda subiu 1.100% entre 7 de abril e 7 de maio daquele ano. Mesmo sem fundamento, ainda está entre as 10 maiores criptomoedas.
— De uma maneira bem simples, eu traduziria todo esse movimento como um loucura coletiva. Por que uma criptomoeda baseada em um meme chega a atingir valor de mercado de 1,5 bilhão [de dólares]? Porque muitas pessoas compraram, e atingiu esse preço — diz Honorato, da Cointimes.
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— Muita gente começa a procurar e, com isso, aceita pagar preços maiores. Isso cria o que chamamos de “efeito manada”, em que as pessoas entram porque elas acham que aquilo tem uma possibilidade de valorização. Eles tentam, portanto, lucrar, basicamente comprando barato e vendendo caro — complementa Ikeda, do Insper.
No entanto, o professor difere a Dogecoin de outras moedas-meme. Para ele, a moeda de Musk é melhor desenvolvida que as demais.
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E quem paga?
Para Honorato, o principal investidor nessa modalidade é o de alto risco.
— Eles acabam enxergando esse tipo de oportunidade. Nós vimos diversos dados dentro da blockchain que mostram que grandes traders que já tinham ganhado dinheiro no mercado acabaram alocando investimentos para a Pepecoin.
Traders são os negociadores e, blockchain, a tecnologia que abriga as transações monetárias, funcionando como uma espécie de livro contábil digital.
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Assim, ganha quem investe e retira as aplicações na hora certa. No caso da Pepe, ganhou quem investiu antes de alcançar o pico e tirou nesse momento. Perdeu quem resolveu investir com a moeda já valorizada.
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