Vivemos tempos em que a velocidade, a fragmentação e a fluidez da produção de conhecimentos e informações modificam a relação entre professores, alunos e conteúdos escolares. Pensar o papel da universidade nesta dinâmica, em especial na formação de profissionais e cidadãos culturalmente comprometidos, demanda retomar a função precípua da educação. Assim, se concebermos que o objetivo do ensino superior é desenvolver intelectualmente seus alunos, podemos afirmar que a função da universidade é fazer com que seus acadêmicos “aprendam a pensar”.
Continua depois da publicidade
Exercer a docência sustentada nesta ideia significa privilegiar a construção e a reconstrução do conhecimento como processo central do ato educativo, o que traz implicações e responsabilidades como aguçar a capacidade de questionamento do aluno e possibilitar o estabelecimento de uma postura investigativa diante dos conhecimentos historicamente acumulados. E se esta é a tarefa do professor, a do aluno é se apropriar destes conhecimentos, contextualizando-os social, política e economicamente. Para questionar ou pôr em dúvida certas “verdades”, cabe dominar os conteúdos das disciplinas e elaborar os sentidos e significados políticos, éticos e estéticos que acompanham tais conhecimentos.
É possível falar de apropriação do conhecimento quando esta não transforma a concepção e a atitude do estudante diante da realidade e convivência com as diferenças? Não. Aprender a pensar requer elaborar conceitos, argumentar contra ou a favor de determinadas formulações teóricas, defrontar-se com dilemas e problemas da vida prática, compreendendo-os como produtos históricos e significantes da atividade mental mobilizada para o saber e a resolução de problemas. Nestas relações é preciso conhecer e respeitar pontos de vista e explicações sobre os fatos e o mundo – sem maniqueísmos e a prepotência de julgá-los inferiores.