O mestre Shigeru Miyamoto anunciou no Twitter que está em produção um filme de The Legend of Zelda. Ao contrário do longa-metragem do Super Mario, ele não será uma animação e terá atores reais na pele dos personagens. Não imaginava que a Nintendo daria esse passo tão cedo e confesso que fiquei chocada.

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The Legend of Zelda é a minha série de videogames favorita e o motivo pelo qual continuo sempre a ter os consoles atuais da empresa japonesa. E vejo muitos obstáculos em fazer um bom filme sobre a série Zelda. Ela é bem mais séria do que Super Mario, bem menos linear, tem uma linha do tempo complicada, tem menos espaço para maluquices.

Se minha reação inicial ao anúncio foi negativa, eu parei para refletir sobre pontos positivos também. E listo alguns fatores aqui para a gente pensar se esse filme realmente será uma boa ideia, ou se era melhor investir em outro personagem (Kirby? Donkey Kong? Tem muitos).

Temos um problema crucial aqui. O Link cada vez mais é um avatar do jogador. Sabemos que ele é corajoso e bondoso. E só. Ele não tem uma personalidade bem formada, como, por exemplo, o Joel do The Last of Us ou o Kratos de God of War. O Link é o jogador.

Aliás, o Link nem falas tem. Desde Breath of the Wild, a série Zelda já tem vozes, mas o protagonista, nada de formar frases. No máximo, ele faz uns barulhos enquanto luta. E agora, Nintendo? Outra coisa, vão escolher um ator ocidental ou oriental?

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Mais uma: o Link em nada se parece com um protagonista de filme blockbuster. Ele não é musculoso, nem machão. É um guri mirrado que conta com equipamentos e mágica para vencer. Ele não é um super-herói. Legal levar isso em consideração na hora de escolher o ator.

E os gorons? E os zoras?

Zelda não é só botar um monte de gente com orelha pontuda. Tem vários personagens que não são humanos, como os gorons e os zoras. Como fazer esses seres? Computação gráfica? E os inimigos? Também muitos deles não são humanos.

Qual história vamos contar aqui?

Já existem muitos jogos da série The Legend of Zelda. Qual deles vai ser a base do filme? Ou nenhum será a base do longa? Ou será uma mistura de tudo? Ou vão inventar algo totalmente novo?

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A série não é famosa o suficiente

Sua avó provavelmente já viu o Mario, o Pikachu ou até a Lara Croft. Mas tem até jogador que não sabe que o Link não se chama Zelda. A série não é nem de perto tão famosa como essas outras franquias. Isso causa um risco de precisarem tornar o filme mais “agradável” ao público em geral, deixando os gamers apaixonados por Zelda em segundo plano.

O filme do Super Mario foi muito bem

Um alívio para quem é fã de Zelda é que o filme do Super Mario foi legal. Foi divertido e foi fiel o suficiente ao material original. Bem, eu achei isso e, pelo que conversei com amigos e vi algumas críticas por aí, a maioria também gostou.

Mario e Luigi
Mario e Luigi comemoram sucesso do filme do Super Mario (Foto: Universal/Divulgação)

O Miyamoto esteve muito envolvido no filme do Mario e, a julgar pela mensagem do Twitter, também vai pegar junto na produção de Zelda. Afinal, ele foi o grande cérebro por trás da criação da série, cujo primeiro game saiu lá em 1986. Quero crer que ele barre qualquer ideia maluca de estúdio de mudar muito a essência do jogo.

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Existem alternativas no mundo do cinema

Os filmes de fantasia não precisam ser só de super-heróis. Uma surpresa ótima deste ano foi o “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”. Ele é um filme de fantasia com bom humor e aventura. Talvez o Zelda possa seguir nessa linha.

O filme vai ajudar a vender o jogo

A Nintendo já disse que o filme do Mario ajudou a vender o Super Mario Bros. Wonder. Quem sabe ainda mais gente resolva embarcar nas aventuras de Zelda por causa do filme?

Link diante de paisagem em Zelda Tears of the Kingdom
Link só dá uma pausa para refletir sobre o filme quando está diante de paisagens lindas (Foto: Reprodução/Zelda Tears of the Kingdom)

Você sempre pode não ver o filme

Este aqui talvez seja o tópico mais importante. Se você não gostar do que vão fazer com Zelda, seja da sinopse, do trailer, da escolha do elenco ou do diretor (já anunciado, o Wes Ball), é só fingir que o filme não existe. A gente não pode controlar essa mania das empresas de ficar fazendo adaptações de jogos que talvez a gente ache que não precisavam de uma adaptação. Mas a gente pode sempre escolher não embarcar nessa.

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