Fácil não é. Mas ninguém que hoje seja um craque do futebol pôde evitar percorrer esse caminho. Passar por uma peneira – e por testes em clubes – é mais do que uma prova: é o início do que pode se concretizar em uma carreira promissora. E, mais do que isso, é a realização de um sonho.

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Rara é a história em que um menino passa a jogador no primeiro teste. Alguns imploram para não ir embora. Outros recolhem as chuteiras e partem para a próxima etapa. E muitos dizem: “chega, parei aqui”. Para quem almeja, mais que tudo, entrar em campo defendendo uma camisa e fazer arte com a bola nos pés, a peneira é fundamental. É início, meio e fim.

Foi depois de várias dessas que o jogador com o maior número de partidas disputadas em Copas do Mundo ingressou no futebol. Várias: 12 delas. E recusado em todas. Cafu, o lateral-direito pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2006, tentou, aos 15 anos, ingressar no São Paulo. Ouviu um “você é bom, mas aqui só tem jogador de seleção”.

Enquanto os irmãos e amigos diziam que ele deveria desistir, procurar um emprego, escolher outra coisa para fazer, Cafu fazia a segunda tentativa, na Portuguesa. Também recusado, seguiu tentando. Somente no São Paulo, participou de quatro peneiras, sem nunca desistir.

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Por história semelhante passou Leandro Damião, atacante do Inter e da Seleção Brasileira. Ele deixara São Paulo, onde jogava na várzea, para atuar em Santa Catarina. Rodou na peneira do time júnior, em 2007, e correu à sala do presidente do Atlético, de Ibirama, Ayres Marchetti, para pedir:

– Não me façam voltar para a casa, quero ser um grande jogador, me deem mais uma chance. Jogo até de graça, mas quero jogar – disse o pequeno atleta.

Damião ficou e jogou no Atlético até ser buscado pelo Inter B, de onde surgiu para o futebol brasileiro e para a Seleção. A tensão de um teste pode desequilibrar um aspirante a jogador. Os alunos do professor Amarildo de Melo sabem disso.

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No Bairro Fazenda Santo Antônio, em São José, na Grande Florianópolis, ele trabalha com aproximadamente 150 meninos e meninas de idade entre cinco e 17 anos que planejam ser jogadores(as) de futebol. Melo procura mostrar aos jovens a maneira correta de percorrer o caminho sem sobressaltos. Para isso, incentiva-os a continuar estuando e a participar de projetos como o Peneirinha Gillete para concretizar seus sonhos.

– É uma oportunidade a mais que eles têm e sempre aparece um ou outro menino(a) diferenciado. Tem que aproveitar mesmo – afirma Melo, professor que atua há mais de 20 anos no futebol.