Pelos serviços, pousadas, cenário e festas dosadas, Rosa é uma das praias catarinenses ideais para casal

Os dois casais mineiros não estavam muito preocupados com o que fazer. Estavam mineiramente aproveitando a semideserta Praia Vermelha, acessível por uma trilha de 20 e poucos minutos com início na praia do Rosa.

As duas praias fazem parte de um dos melhores trechos do litoral catarinense para casais.

Pouca gente se preocupa em definir o que exatamente torna um lugar mais romântico que outros. Para os mineiros, a escolha de passar quatro dias no Rosa e quatro em Florianópolis teve um motivo mundano, promoção de passagens aéreas, mas nem por isso foi menos acertada. A Praia do Rosa é “tranquila”, com “tudo muito próximo” e uma areia que “mesmo lotada não enche tanto”, listam Raquel Gonçalves e Pedro Marra, Artur Caram e Grazielle Lima.

– O sul do país é mais organizado – se empolga Pedro, falando do duvidoso ponto de vista de alguém à sombra dos pinheiros que antecedem a areia da Praia Vermelha.

Era uma segunda-feira de janeiro com todo minuto possível ensolarado. O domingo mineiro tinha sido regado a garrafas de vinho branco na areia e a um jantar no Urucum, restaurante de ótima culinária brasileira debruçado sobre a praia do Rosa. A programação da terça-feira incluiria uma ida para Garopaba. Ou não. Deixa o dia te levar.

Quando falaram com a reportagem, os quatro ainda não tinham passado por Florianópolis.

CENÁRIO

Algumas vantagens para casais são evidentes no Rosa. São poucas as grandes festas eletrônicas ou sertanejas, gerando menos furdunço. Um dos principais lugares para sair, o Beleza Pura, funciona parte da noite como restaurante e só depois como festa.

Outro destaque, especificamente ali, é uma série de pousadas encravadas no morro diante da praia, com vista panorâmica dela. São pousadas perfeitas para se estar a dois e pouco imagináveis para grupos baladeiros.

Na areia, surfistas, amigas solteiras e famílias gaúchas e argentinas se intercalam a muitos casais. Em fevereiro a quantidade de famílias diminui, chegam os foliões do carnaval. Em março, o Rosa fica mais casal que nunca.

As estradas de terra, os restaurantes intimistas anexos a pousadas, o sossego, a facilidade para se locomover a pé, a beleza e a preservação da praia fazem o resto. A dose de romantismo é de cada um, mas dificilmente um cenário pode ajudar mais.

TEMPERADA PARA CASAIS

Premiada como a pousada do ano pelo Guia 4 Rodas Brasil 2015, Quinta do Bucanero pensa em todos os detalhes da perspectiva a dois

Da jacuzzi na varanda o hóspede vê as águas despontando em sequência na paisagem: a das piscinas e do espelho d’água da pousada; a da lagoa que antecede a areia, a do mar da Praia do Rosa.

A suíte é a Casa Terra, que foi inaugurada em 2014, como a vizinha Casa Mar, e agora forma com ela a dupla de hospedagem mais ambiciosa da Quinta do Bucanero, eleita na edição 2015 do Guia 4 Rodas Brasil a pousada do ano – prêmio que implicou superar uma concorrência espalhada por 7,4 mil quilômetros de litoral.

Dificilmente um casal pode estar tão bem quanto ali. Menores de 14 anos não são aceitos. Nas 12 suítes os hóspedes quase sempre são casais. Um gazebo com voais à beira da piscina, uma massagem para dois, uma jacuzzi em um gramado, banheiros totalmente duplicados, um barqueiro cruzando a lagoa para levar à praia: tudo é pensado e temperado para dois.

Para evitar que hóspedes percam as melhores mesas o restaurante da pousada, o Bistrô da Varanda, há alguns meses deixou de aceitar clientes de fora (caso de hospede, do cardápio enxuto não perca a Salada de camarão Bucanero e o Fertu.

O resultado é que ali ou nas outras áreas comuns dificilmente há mais de dois ou três casais à vista.

Não à toa, a Quinta do Bucanero é a escolhida de muitos para pedidos de casamento, álbuns pré wedding e luas de mel.

A equipe da pousada colabora com os pretendentes para sustentar enredos mirabolantes que pegam as futuras noivas de surpresa. Alianças são escondidas em sobremesas, velas e pétalas se multiplicam, violinos plangem, almofadas com versos do Drummond enfeitam camas. Um pretendente que mal passava dos 20 anos emocionou os funcionários que espreitavam o pedindo discretamente à distância.

– A gente adora pedidos de casamento – resume Jaqueline Biazus, a Jaque, 53 anos, criadora da Bucanero.

Ela sempre associou o Rosa a um destino romântico porque foi com um namorado, aos 18 anos, a sua primeira visita à praia. Mais tarde, nos anos 1990, foi com o marido, o piloto de corridas Cezar Bocão, que ela investiu no terreno de 20 mil metros quadrados no morro com vista panorâmica de toda a praia e mesmo além.

O Rosa como um todo vem se consagrando como “polo casamenteiro”. A pousada Fazenda Verde by Neco é uma das referências em cerimônias. Foi ali um casamento registrado pelo programa Casando no Paraíso, do canal GNT.

Pela vista, pelos chalés ou pela atmosfera, outras pousadas também agradam os casais: Ponta da Pitieira, Vida Sol e Mar, Solar Mirador, Morada dos Boungainvilles, Regina Guest House.

Sabendo da busca da reportagem por atividades interessantes para casais, Jaque adverte.

– A gente providencia uma bike ou um stand up, mas a maioria dos casais aqui não tem ansiedade de fazer muita coisa não.

O sol nasce na frente das varandas, mas a noite pode agradar ainda mais. A mata escura que cerca os quartos enfatiza as luzes céu, o marulho e os grilos são os únicos sons audíveis.

– É de cair os butiás do bolso – diz Tati, funcionária do Bucaneiro, resumindo com um gauchismo o apelo do cenário.

Quinta do Bucanero: bucanero.com.br; (48) 3355-6056; em fevereiro, tarifas de R$ 680 a R$ 1540; em março, de R$ 570 a R$ 1290

Cinco programas para dois:

1. Praia e piscina

Com acesso fácil mas raros banhistas, a Praia Vermelha, na divisa entre Imbituba e Garopaba, é ideal para uma manhã a dois. São 20 minutos caminhando tanto para quem parte da praia do Ouvidor, pelo norte, ou do Rosa, pelo sul. As duas trilhas têm boa delimitação, degraus de madeira e de pedra, poucas inclinações. A que sai do Rosa oferece extras: um trecho sombreado; um pequeno descampado com vista panorâmica, ótimo para piqueniques; e uma piscina natural perfeitamente delimitada. O descampado e a piscina surgem à direita da trilha, próximos da ponta do costão ainda do lado do Rosa.

2. Sapore di Pasta

Ok, massas podem naufragar a noite de um casal. Na Sapore di Pasta (48 3335-6100), no entanto, as porções são individuais e merecem o risco. O espaguete Nero di Seppia com lascas de salmão e molho com redução de laranja (R$ 69, individual) tem apresentação primorosa e equilíbrio irretocável. O camarão com manga oferece leveza de sobra. Um jazz tranquilo ressoando pelo ambiente amadeirado e a meia-luz somam pontos. Há mesas para até seis pessoas, mas as mesas para casal predominam e a casa comporta apenas 30 clientes. O restaurante integra a Pousada Bougainville.

3. Bistrô Pedra da Vigia

Com vidros, madeiras e coloridos inteligentemente combinados, o bistrô Pedra da Vigia (48 3355-6247) conquista de saída e acolhe apenas 30 clientes por noite. O congrio com cogumelos frescos e redução de mel e aceto balsâmico (R$ 48, individual) é um dos distintivos da casa, assim como o camarão flambado ao molho de queijos (R$ 50, individual). No verão, um bom acompanhamento é a garrafa de champanhe Veuve Du Vernay (R$ 110). Casais de expectativas doces podem fechar a noite com o gratin de frutas vermelhas. A pousada integra a pousada Regina Guest House.

4. Passeio a cavalo

A paisagem do Rosa favorece o passeio a cavalo, que na Cavalgadas Rosa Norte (48 9617-6461) tem versões curtas e prolongadas. Entre as primeiras (até uma hora e meia, R$ 50 por pessoa) estão uma cavalgada dentro do haras, outra até a praia do Ouvidor e um percurso pelas montanhas do Rosa. Maior, a cavalgada na Praia do Luz dura três horas e custa R$ 70.

5. Garopaba

Uma prainha entre a praia central de Garopaba e a da Vigia é a dica insider de Isabela Freitag, aluna de Arquitetura da UFSC e nativa de Garopaba. É um lugar chamado pelos locais de “toca da bruxa”, uma praia romântica onde “só vai quem conhece”. Outra dica sua é a trilha da Pedra Branca, que ao final de aproximadamente três quilômetros que percorrem um trecho preservado de Mata Atlântica culmina em uma ampla vista panorâmica para lagoas, praias e vegetações da região.