O levantamento divulgado nesta segunda-feira pelo instituto Todos Pela Educação (TPE) sobre a aprovação de jovens e crianças na idade certa traz duas notícias distintas para Santa Catarina. O Estado é o segundo no ranking nacional de aprovação de crianças até 16 anos no ensino fundamental, atrás somente de São Paulo (veja nos gráficos abaixo). Mas também tem registrado quedas consecutivas desde 2009 na aprovação de jovens até 19 anos no ensino médio.
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Os números, em ambos os casos, ainda são superiores aos do Brasil e à média da Região Sul. No entanto, em nenhuma das categorias SC conseguiu ultrapassar as metas estipuladas pelo instituto para regular a distorção entre idade e série. O levantamento compõe a meta 4 do TPE, que estipula 2022 como prazo para alcançar a marca de 95% ou mais dos jovens brasileiros de até 16 anos concluindo o ensino fundamental e 90% dos alunos de 19 anos, o ensino médio.
Os indicadores foram calculados com na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013, do IBGE. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Educação disse, ontem à noite, que não teve tempo hábil para analisar os dados do estudo antes de emitir uma avaliação.
O Brasil atingiu a meta de 2007, início do monitoramento feito pelo TPE, até 2009. Mas após esse período, demonstra crescimento tímido nos dois indicadores. A professora do Mestrado e Doutorado em Educação da Univali, Cássia Ferri, considera que o caso é preocupante, com matizes diferentes, em todo o país.
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– Apesar de conseguir atingir quase 98% no ingresso ao ensino fundamental, a maior parte desse grupo não chega ao ensino médio. Os fatores são os mais diversos, como trabalhar ou fazer atividade que implique buscar a sobrevivência. O primeiro movimento, em geral, é abandonar a escola.
Para especialista, estudantes têm poucas opções para seguir adiante
À medida que os alunos se tornam defasados na relação idade-série vem o constrangimento e o abandono. Um dos motivos, aponta Cássia Ferri, é a falta de perspectiva de concluir o ensino médio para alcançar o superior. Para a especialista, a oferta do ensino médio ainda é limitada, com dificuldades de horários adequados a quem precisa trabalhar e pouco acesso às escolas privadas.
O governo federal lançou há um ano o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, para firmar o compromisso da formação continuada dos professores. O fato é que as ações estão mais voltadas para a revisão pedagógica e didática.
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Segundo Cássia, o sistema educacional ainda carece de ações voltadas ao ensino profissionalizante, para manter o jovem em tempo integral nas escolas e focado no mercado de trabalho, acompanhadas da qualificação de professores, bolsas de especialização e material didático específico.
Uma das propostas do pacto é estender Programa Ensino Médio Inovador, para ampliar o tempo dos estudantes na escola e garantir a formação integral com atividades que dinamizem o currículo.
– Hoje não faltam iniciativas, mas o acompanhamento e a avaliação constante para se tornarem factíveis – pontua Cássia.
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