Milhares de indignados espanhóis protestaram na noite desta terça-feira em torno do Congresso em Madri para denunciar o que consideram uma democracia sequestrada e sujeita aos mercados financeiros, em um ato que terminou em violência. Durante a manifestação, foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais, que atiraram com balas de borracha para dispersar a multidão.

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Segundo os serviços de emergência, os confrontos deixaram mais de 60 feridos, sendo 27 policiais. As autoridades comunicaram a prisão de 26 manifestantes. Os choques entre a polícia e os manifestantes duraram várias horas e no início da madrugada desta quarta-feira a Praça Netuno, próxima ao Congresso, seguia ocupada por centenas de pessoas.

Durante a tarde, os policiais atacaram com cassetetes manifestantes que tentavam derrubar uma barreira, sendo que alguns deles jogavam objetos nas forças de ordem. A maioria dos manifestantes se dispersou para ruas próximas, gritando: “O povo unido, jamais será vencido” ou “Vergonha”, enquanto outros sentaram no chão com as mãos para o alto na Praça Netuno, onde havia vários furgões da polícia.

O ato começou aos gritos de “Mãos para o alto, isto é um assalto” da multidão que protestava nas imediações do Congresso contra a política de austeridade do governo conservador. “Não aos privilégios políticos”, “Democracia econômica”, podia-se ler nos cartazes. Várias organizações e movimentos de “indignados” convocaram esta manifestação por meio das redes sociais.

– Eles roubaram nossa democracia. Nós perdemos a liberdade, o nosso Estado social, com os cortes na saúde e na educação. Tenho duas filhas e este ano eu tive de pagar muito mais por seus estudos – explicou Soledad Nunez, uma comerciante de 53 anos que veio do norte da Espanha e carregava dois cravos vermelhos e um cartaz com as palavras “Você realmente acha que cruzando os braços vai resolver alguma coisa?”

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A Espanha recebe um plano de ajuda europeu para os seus bancos em dificuldades desde junho e paga o preço com medidas de austeridade históricas para reduzir seu déficit público. Essas medidas adotadas pelo governo conservador em dezembro têm causado profundo descontentamento.