Organizações não governamentais (ONG) que atuam na Venezuela informam sobre o agravamento do estado de saúde dos pacientes em meio ao blecaute que afeta a maior parte do país há cinco dias. De acordo com comunicado divulgado no Twitter pela ONG Médicos pela Saúde, 17 pacientes morreram em nove hospitais.

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A Coalizão de Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida (Codevida) informou, também pelo Twitter, que a poluição da água, falta de higiene e de alimentos se tornaram problemas de saúde pública em Carabobo, afetando sobretudo crianças, mulheres e idosos.

Segundo a Codevida, os pacientes psiquiátricos também sofrem com as dificuldades que atingem o país. Pelos dados da organização, os atendimentos em psiquiatria caíram de 23 mil para 3,5 mil.

Maduro denuncia sabotagem em apagão

Um extenso apagão deixou Caracas e grandes regiões da Venezuela no escuro na quinta-feira (7), e o governo de Nicolás Maduro denunciou uma "sabotagem" contra a principal barragem de geração de energia elétrica no país. De acordo com a imprensa, o apagão afeta a Venezuela toda, com cortes em 23 dos 24 estados.

— Sabotaram a geração na (central hidrelétrica de) Guri… Isso faz parte da guerra elétrica contra o Estado. Não permitiremos — publicou no Twitter a estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec).

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Guri, em Bolívar, é uma das maiores represas geradoras de energia da América Latina, atrás apenas da de Itaipu, entre Brasil e Paraguai. A luz foi cortada em Caracas às 16h50min local (17h50min de Brasília), afetando amplas zonas da cidade e serviços como o metrô. O apagão afetou ainda o Aeroporto Internacional Simón Bolívar, segundo o relato de passageiros nas redes sociais.

Os apagões são comuns na Venezuela, sendo crônicos na região ocidental, embora venham se espalhando para outras áreas. Especialistas responsabilizam o governo de Maduro pela falta de investimentos na infraestrutura elétrica devido à grave crise econômica.

"Guerra elétrica" com os Estados Unidos

A vice-presidente Delcy Rodríguez denunciou um "ataque de grande envergadura", ainda na quinta-feira. Rodríguez responsabilizou "setores extremistas" e o senador americano Marco Rubio pelo apagão, que chamou de "repórter do crime".

No Twitter, o presidente Nicolás Maduro acusou os Estados Unidos: "A guerra elétrica anunciada e dirigida pelo imperialismo americano contra nosso povo será derrotada. Nada nem ninguém poderá vencer o povo de Bolívar e Chávez. Máxima união dos patriotas".

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Há um ano, Maduro ordenou à Força Armada ativar um plano especial para proteger as instalações do sistema elétrico diante da "guerra" para gerar o descontentamento popular, mas as falhas persistem.

Maduro, reeleito no ano passado em eleições questionadas, não é mais considerado presidente por Estados Unidos e outros 50 países, que reconhecem o líder opositor Juan Guaidó, chefe do Parlamento, como o mandatário legítimo da Venezuela.