O confronto de opiniões faz parte do jogo democrático, mas a espinha dorsal do debate deve ter sempre como pano de fundo os desejos e aspirações dos cidadãos, que deverão ser conquistados até a votação de outubro.

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A pré-convenção de hoje do PMDB catarinense, que vai decidir se o partido continua ao lado do governador Raimundo Colombo (PSD) ou envereda pela candidatura própria ao Executivo estadual, representa mais do que um divisor de águas no processo de formação de alianças. A menos de dois meses para a oficialização das candidaturas, majoritárias e proporcionais, sabe-se que o rumo dos peemedebistas na disputa influenciará todas as demais movimentações das peças do xadrez pré-eleitoral. Cientes da importância deste momento, porém, é lícito desejar que as lideranças conduzam as negociações tendo em vista tão somente o interesse público.

O confronto de opiniões faz parte do jogo democrático, mas o debate deve ter sempre como pano de fundo os desejos e aspirações dos cidadãos, que deverão ser conquistados até a votação de outubro. Que o aparente bom nível das discussões no âmbito peemedebista seja mantido até a definição dos parceiros eleitorais – e, obviamente, durante toda a campanha propriamente dita – sem que os eleitores, verdadeiros protagonistas desse tabuleiro, fiquem relegados a coadjuvantes. Infelizmente, a tradição política brasileira é marcada por conchavos e negociações de bastidores nada republicanos, que privilegiam pequenos grupos guiados principalmente pela conquista ou manutenção do poder. É o poder pelo poder. E isso não interessa à população, que precisa de políticas públicas sérias e comprometidas com a qualidade de vida e a melhoria de indicadores nas mais diversas áreas.

Que a passagem dos 30 anos da histórica mobilização pelas Diretas Já, que reivindicava também ética e transparência na política, sirva de inspiração para nossos políticos em mais um momento importante brasileiro e que se repete a cada dois anos. O amplo debate público promovido pelo PMDB, que dá voz a 522 delegados de todo o Estado, é extremamente positivo e deve ser saudado. Por outro lado, é preocupante observar que em alguns momentos a pauta prioritária seja a conveniência da máquina partidária e sua perpetuação, tangenciando nestas oportunidades a discussão que realmente importa ao eleitor.

Será saudável se as duas correntes, ao final da disputa interna, se unirem para concentrar o debate nas melhores soluções à segurança ou à mobilidade, só para ficarmos em dois exemplos dentro do turbilhão de assuntos que dizem respeito à vida real do catarinense.

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Afinal, a discussão em torno de conchavos pelo poder, corriqueira no cenário nacional, diz muito sobre o atual distanciamento entre partidos e a sociedade – e não adianta iludir-se de que se trata de um descaminho somente de uma ou outra sigla, mas sim da maioria das 32 constituídas hoje no país.