Para promover a 15ª Copa do Mundo, nos Estados Unidos, em 1994, a Fifa escolheu uma seleção de todas as Copas. A lista parece incontestável, considerando que só eram elegíveis candidatos que jogaram até o torneio de 1990, na Itália. O time dos sonhos reúne não apenas campeões, mas também craques injustiçados pela falta do título. Confira:

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MURAL: você acha que algum jogador das Copas de 94, 98, 2002, 2006 e 2010 merece vaga nesta seleção? No lugar de quem e por quê?

Lev Yashin (União Soviética)

Foi um dos maiores goleiros que o mundo já viu. Titular da União Soviética em três Copas, levou, com defesas milagrosas, um time limitado até as fases finais das competições. Sempre de uniforme preto – e com agilidade incomum – ganhou o apelido de Aranha Negra. Foi o único goleiro a ser premiado como Bola de Ouro pela France Football.

Djalma Santos (Brasil)

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Jogou uma partida na Copa de 1958. Justamente a decisão, contra a Suécia. E, em apenas 90 minutos, foi eleito o melhor lateral daquela competição. Jamais levou cartão vermelho, em quase mil partidas disputadas por Portuguesa, Palmeiras, Atlético-PR e Seleção. Esteve em campo em quatro Mundiais, levou dois. É o precursor da cobrança de lateral diretamente para a área. E atuou, em alto nível, até os 42 anos.

Franz Beckenbauer (Alemanha)

Apelidado de Kaiser (o Imperador), detém uma marca: foi campeão mundial como capitão e como técnico. Em 1974, conduziu a Alemanha à surpreendente virada contra a Holanda, que deu o título aos donos da casa. É o único da lista que também conquistou a Copa como técnico. Em 1990, montou o time que parou Maradona na Itália. E é protagonista de um dos maiores jogos da história das Copas: na semifinal de 1970, atuou com o braço imobilizado contra os italianos.

Bobby Moore (Inglaterra)

Foi eleito o melhor zagueiro do mundo. Mas não só pela Fifa ou por revistas e jornais especializados. A escolha partiu de ninguém menos que Pelé, após o jogo entre Brasil e Inglaterra, em 1970. Defensor histórico do West Ham, foi o capitão inglês que ergueu o troféu de campeão em Wembley, em 1966. Até hoje, o lendário estádio britânico ostenta uma estátua em sua homenagem, em frente à entrada principal.

Nilton Santos (Brasil)

Ganhou o apelido de Enciclopédia por entender o jogo antes de todo mundo. Assim, foi o primeiro lateral-esquerdo a cruzar o meio-campo em direção ao ataque. Sua presença ofensiva, inicialmente criticada, acabou sendo a tônica do futebol moderno. Atrás, usava a inteligência – e a malandragem – para segurar os adversários. Como na Copa de 1962, quando cometeu um pênalti contra a Espanha, mas deu dois passos à frente e confundiu o árbitro, que marcou falta fora da área.

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Johann Cruyff (Holanda)

Era o centro de um time que girava sem parar. O carrossel holandês de 1974, considerado por muitos como a maior revolução tática do futebol, precisava de um mestre – o meia do Ajax foi o responsável pela organização do grupo. Cruyff ganhou, na Europa, o apelido de Pelé branco e marcou época também no Barcelona. No clube catalão, ajudou a criar a filosofia do tiki-taka, a troca de passes e movimentação constante características da equipe, evoluída por Pep Guardiola.

Garrincha (Brasil)

Mal sabia ler. Por isso, assinava contratos em branco. Era considerado louco, mulherengo e irresponsável. Tinha as pernas tortas. E bebia. Todos os predicados são anulados quando alguém lembra de sua participação na Copa de 1962. No Chile, um anjo desceu sobre o ponteiro, que não só usou da genialidade para driblar todos os que passavam pelo caminho, como para ser um dos mais decisivos jogadores da história brasileira em Mundiais. Naquele mês, Garrincha valeu pelo país inteiro. E o Brasil deve o bi a ele.

Michel Platini (França)

Nunca foi campeão mundial. O título lhe escapou em 1982 e 1986, quando cruzou com a Alemanha nos mata-matas. Sua grande conquista com a seleção francesa foi a Eurocopa de 1984. Pouco importa: o genial meia marcou época não só no time de seu país, mas também nas equipes em que jogou, como Juventus e St. Ettiene. Habilidoso, inteligente, versátil e abnegado, é uma prova de que a Copa do Mundo nem sempre é justa com os craques.

Ferenc Puskas (Hungria)

O Major Galopante é outro exemplo de craque injustiçado por não ter título da Copa do Mundo. O húngaro fez parte de um time que revolucionou o futebol. A equipe de 1954 mudou o jeito de jogar bola por meio de uma estratégia relativamente simples: o aquecimento antes dos jogos. Foi desta forma que atropelou diversas seleções, inclusive o Brasil. Mas a derrota de virada para a Alemanha tirou-lhe o campeonato.

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Pelé (Brasil)

Não precisa ser adjetivado. Seu nome, por si só, é um adjetivo. Por exemplo: Michael Jordan é o Pelé do basquete. Jimi Hendrix é o Pelé da guitarra elétrica. Stephen Hawking é o Pelé da física. Aclamado como o Atleta do Século, fez mais de mil gols, conquistou três Copas – a primeira aos 17 anos, a última, aos 30. É reconhecido em (quase, né, argentinos?) todo o mundo como o mais completo jogador de futebol que o mundo já produziu.

Maradona (Argentina)

Pegou a bola no campo de defesa. Com a perna esquerda, passou por um, dois, três, quatro, cinco. Até o goleiro ficou para trás. Em pouco mais de 10 segundos, no Estádio Azteca, mudou a história do futebol, na Copa de 1986. Esse lance, contra a Inglaterra, nas quartas de final, foi batizado de o gol mais bonito do século 20, eleito inclusive pela Fifa. O genial e temperamental craque argentino disputou quatro Mundiais com a camisa 10, e ainda foi técnico da seleção de seu país na África do Sul, em 2010.