O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, esteve na sede da Associação Empresarial de Blumenau (Acib) na manhã desta quarta-feira. Com seu jeito – sem trocadilhos – enérgico de se comunicar, destacou a um auditório cheio de lideranças empresariais o processo de profissionalização da empresa ao longo dos últimos anos. Hoje a Celesc tem um planejamento estratégico desenhado até 2030 e que está atrelado a metas e resultados.

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Siewert destacou ainda investimentos recentes que permitiram uma significativa redução nas quedas de energia no Estado – de acordo com ele, o sistema opera hoje sem interrupções em 99,8% do tempo.

Também falou sobre os aportes previstos para a região e ouviu reivindicações da classe empresarial blumenauense. Entre elas está a análise de um projeto de fiação subterrânea para a cidade, o apoio para a construção de um laboratório de alta tensão na Furb e a retirada da rede de energia elétrica próxima à cabeceira sul da pista do Aeroporto Quero-Quero, necessária de acordo com o projeto de revitalização do espaço.

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Depois de sua fala, o executivo conversou com a coluna. Confira:

Qual o plano de investimentos da Celesc para a região?

A gente vem investindo números vultuosos aqui (na região). Já são R$ 170 milhões (desde 2011) que trouxeram benefícios, como a melhora nos nossos resultados operacionais, técnicos e econômicos, e que também se traduzem em uma melhor prestação de serviço para a sociedade. A gente não pode parar, queremos continuar. Temos uma previsão de investimentos aqui, para os próximos dois anos, na ordem de R$ 100 milhões para linhas, subestações e obras de média e baixa tensão, que são justamente as que a gente enxerga na cidade, com muita automação. Além de frota, software, o dia a dia da companhia. Esse processo vem dando certo e se mostrou positivo nos últimos seis anos. A gente quer continuar com ele, nada diferente do que já vem sendo feito.

Esses R$ 100 milhões representam investimentos novos ou que já estão acontecendo?

Alguns investimentos já estão acontecendo, mas todos eles são projetados para frente. São obras que estão em construção e que devem ser trazidas à tona nos próximos dois anos. Há uma perspectiva bastante positiva para toda a região, entendendo a necessidade e principalmente o dinamismo existente aqui em função de busca de mais energia para produção de emprego, renda e condição adequada para a sociedade.

No início do ano houve uma redução na tarifa do gás natural. Alguma previsão de redução também na tarifa de energia elétrica no Estado?

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A gente tem sim essa perspectiva de redução em função da chuva que está acontecendo. No ano passado já houve uma redução. Mais chuva leva à geração de energia hídrica, que é mais barata. Neste ano, por enquanto, as coisas têm se comportado adequadamente. O período úmido está tendo chuva, tem chuva lá na cabeceira dos rios da região Sudeste, que é onde precisa ter. Então a perspectiva que a gente enxerga é também de continuação da redução, a menos que apareça alguma outra coisa no meio do caminho que possa fazer diferença.

Há alguma projeção de redução?

Não. É difícil hoje fazer qualquer tipo de projeção.

A Celesc implantou no ano passado um plano de demissão voluntária. Qual é o balanço até agora?

São 62 empregados que saíram num primeiro momento. A nossa perspectiva é que a gente possa continuar com esse projeto ao longo dos próximos anos, buscando sempre a adequação entre o número de funcionários que a empresa tem e aquele que a gente entende como ideal para a atuação no sistema. Mais do que isso, nossa perspectiva é de turnover em relação aos funcionários que já cumpriram seu papel na companhia, com 25, 30 anos de casa, para trazer outros mais jovens ao nosso dia a dia, mesclando sempre a experiência daquele que já vivenciou aqui com a juventude e a vitalidade daquele novo que está entrando. Eu não posso dar números porque isso se reflete nas ações da empresa, mas este é o principal projeto de redução de custos da companhia.

Qual a expectativa de adesão?

O nosso número de possibilidade de adesão chega a cerca de 500 pessoas. Mas a nossa expectativa gira em torno de 250. É com esse número que a gente trabalha daqui para frente.

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A Celesc fez uma parceria com a Engie (antiga Tractebel) que prevê subsídio na compra de painéis fotovoltaicos para residências. Esse programa será ampliado?

Ele é um primeiro projeto. Nós vamos instalar cerca de mil painéis fotovoltaicos com 60% de desconto (em todo o Estado). Isso vai acontecer ao longo de 2017. E sim, ele pode vir a ter alguma previsão de aditivação ou de nova etapa. Mas primeiro vamos terminar o projeto atual, entender quais os benefícios que ele efetivamente trouxer. É uma coisa que pode acontecer sim, talvez não para o cliente residencial, mas de repente para o cliente industrial e comercial.

Dentro deste cenário de crise, quais são os principais desafios do setor energético?

É continuar buscando investimento. A gente percebeu claramente ao longo desses últimos dois anos que houve queda de consumo, inclusive em Santa Catarina. As distribuidoras pararam de investir. Nós aqui, diferentemente disso, continuamos investindo. Amanhã o Brasil pode voltar a crescer e precisamos estar preparados para o aumento do consumo. Quase tivemos, em 2013 e 2014, racionamento de energia. A gente não pode cometer esse mesmo erro. A perspectiva do setor é estar planejado, com os investimentos adequados, para quando houver a retomada essa parte de infraestrutura, que é fundamental para um país crescer, poder estar absolutamente alinhada, sem qualquer risco de descontinuidade.

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