Por razões distintas, mas que em suas essências têm alguma semelhança, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, outrora símbolos da pujança da parte do Brasil rica e industrializada, são dois dos estados que mais sofrem para administrar as finanças nesses tempos de crise.
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No caso dos fluminenses – que decretaram calamidade pública na última sexta-feira -, a situação é mais conjuntural: a queda dos royalties do petróleo e a recessão do segmento de óleo e gás agravaram o quadro financeiro. Em relação aos gaúchos, o problema é mais estrutural: anos de gastança desenfreada, com um gigantesco déficit previdenciário, criaram um cenário perverso que fez com que a conta, agora, começasse a ser cobrada. Em comum a inabilidade de gestores públicos em fazer as despesas caberem nas receitas.
Nos dois estados funcionários públicos convivem com a realidade de atrasos e parcelamentos de salários, resultado da falta de fôlego financeiro dos seus respectivos governos para honrar os compromissos de maneira integral. De repente o funcionalismo público, sonho de consumo de muitos profissionais e concurseiros de plantão pela estabilidade de carreira e boa remuneração, passou a ser uma opção nem tão atraente assim.
As situações de Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro têm muito a ensinar. No primeiro caso, é um exemplo de que o inchaço da estrutura administrativa sem a devida eficiência da máquina torna a gestão insustentável – uma hora a bolha acaba estourando. No segundo, mostra como a economia pode ser cruel ao “punir” quem depende de uma ou poucas bases de receita e não diversifica suas fontes de arrecadação. São lições que precisam despertar a atenção de gestores, sejam eles públicos ou privados.
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