Napoleão Bernardes (PSDB) repetiu com certa insistência no primeiro mandato que integrou a safra de prefeitos que mais sofreu para administrar suas cidades na história recente do país. Com dados sempre à mão ou na ponta da língua, justificava com a queda de repasses de origem federal e estadual e a baixa na arrecadação as dificuldades financeiras para governar Blumenau. O tucano nunca esteve de todo errado. De fato, o agravamento da conjuntura econômica sufocou ainda mais a já limitada capacidade orçamentária dos municípios. Foi um problema geral que ignorou cores e ideologias partidárias.
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Nas eleições de 2012, Napoleão emplacou o slogan “mais com menos”, que sintetizava a bandeira de campanha: corte de gastos desnecessários e eficiência na gestão da máquina pública. Nem ele nem ninguém poderia imaginar que o cenário financeiro ficaria desesperador ao longo desse período. Por mais que tentasse atribuir a delicada situação a um injusto pacto federativo, que concentra nas mãos da União a maior fatia do bolo de receitas pago pelo contribuinte, o tucano soava pouco convincente aos olhos do cidadão que desconhece as amarras burocráticas e cuja prioridade é ver o buraco do asfalto tapado ou o mato da rua onde mora roçado.
Em seus primeiros quatro anos, Napoleão não deu início a nenhuma grande obra vistosa. O agora prefeito reeleito inclusive costuma dizer que, em função da dramaticidade das contas públicas, manter postos e ambulatórios abertos e pagar o funcionalismo em dia poderiam ser consideradas obras. Neste ponto, a sua gestão tem um saldo positivo. Apesar de seus problemas, o sistema de saúde municipal tem funcionado e médicos e professores não estão com salários atrasados, situação que ocorre em diversas cidades e estados país afora.
Napoleão finaliza sua primeira experiência como prefeito certamente fazendo menos do que gostaria. Mas em termos de receita também tinha menos do que poderia imaginar. Por outro lado, esta crise de agora, que já dá sinais de arrefecimento, também não durará pelos próximos quatro anos. O tucano tem tudo para fazer mais com mais. É o que o blumenauense espera. E o que deve e certamente vai cobrar.
Os votos dos outros três
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No primeiro turno em Blumenau, abstenções, brancos e nulos tiraram 49.288 votos da disputa. No segundo, foram 48.559. Na prática, o contingente que abriu mão de escolher candidato não mudou. A grande expectativa que se criou neste segundo tempo eleitoral era para onde iriam os 36,4 mil votos destinados a Ivan Naatz (PDT), Arnaldo Zimmermann (PCdoB) e Valmor Schiochet (PT).
Surpreendentemente, pelo fato de o trio ter se comportado como oposição ao atual governo no primeiro turno, Napoleão abocanhou a maior parte: o tucano fez cerca de 23,4 mil votos a mais do que o primeiro turno. Kuhlmann, em torno de 13,6 mil. A soma dá aproximadamente 37 mil, praticamente o número de votos dado aos três candidatos que ficaram pelo caminho em 2 de outubro.