Recém-empossado presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico de Blumenau e Pomerode (Simmmeb), o empresário Dieter Claus Pfuetzenreiter pretende dar sequência às ações do antecessor, Hans Bethe. Entre as metas estão manter o crescimento da base de associados – hoje são 185 e o objetivo é passar de 200 – e consolidar um programa de internacionalização, que deve contribuir para a melhoria de processos e de gestão das empresas do setor. Na última semana, Dieter concedeu entrevista à coluna. Confira:
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O que você pretende manter da gestão anterior e o que será implantado de novo?
Vamos manter praticamente todo o programa que já vem sendo feito pelo Simmmeb. O sucesso da entidade foi alcançado por causa dessa gestão, que foi muito acertada. A última diretoria fez um planejamento estratégico, foram definidos a missão, visão e os objetivos. Eles foram executados praticamente em sua plenitude e os resultados
foram alcançados. Eu entendo que o planejamento é bom, apesar de não ter participado dele. Vou mantê-lo. Por outro lado, os objetivos ainda não acabaram.
Quais são esses objetivos?
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O envolvimento com os associados cada vez maior, a capacitação dos empresários e seus colaboradores, os programas para fomentar negócios entre as empresas e outros setores. Isso tudo nós vamos incrementar. A novidade para a nossa gestão, que na verdade já conseguimos desde o ano passado, são recursos para internacionalização. É um projeto grande, que tem um período de 18 meses e com um custo baixo para as empresas. O programa é bem completo, tem uma carga horária alta e vai trazer benefícios interessantes. Além da possibilidade de exportação, que é o objetivo principal, a empresa vai se posicionar em um nível mais elevado, porque vai precisar rever processos de gestão e os produtos. Já que eles vão ser exportados, terão que se adequar às normas de produtos de outros países em questões como design, documentação, manuais. Tudo isso vai ser aprimorado.
A partir do momento que a empresa tem que atender essas exigências, ela se torna mais competitiva…
Exatamente. No mercado interno ela vai se diferenciar porque tem um produto de padrão internacional. E ela passa a ser mais competitiva no país por ter um produto bem melhor. A questão da gestão também traz benefícios e resultados melhores em produtividade, custos, tudo isso está envolvido.
Esse programa tem algum tipo de apoio?
Sim, ele vai ser ministrado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e é patrocinado pelo Sebrae, Fiesc e CNI. Além disso esse programa foi escrito a duas mãos, pelo próprio sindicato e pelo IEL. Fizemos uma lista de requisitos que achávamos importantes para ter uma eficácia boa para as empresas. Normalmente esses tipos de programas já existem prontos do governo, mas são de um período curto, e aí é impossível assimilar tantas alterações necessárias na empresa.
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Quanto vai ser investido e quantas empresas podem se beneficiar?
Nós conseguimos um recurso de R$ 400 mil e existe uma contrapartida de 15% das empresas. Cada empresa pagará 18 parcelas de R$ 100. O curso todo vai ser ministrado para 25 empresas.
Como o segmento está respondendo nesse momento de recessão?
O desempenho varia muito. Algumas empresas ainda estão sofrendo por conta da crise, mas muitas durante esse período procuraram alternativas e estão começando a colher resultados. E algumas empresas já estão a todo vapor, com 100% da produção, pelo que temos conhecimento. Na média já estamos nos recuperando.
O setor se recupera antes ou depois da economia?
Depende, são empresas que trabalham com diversos setores. Os fabricantes de máquinas normalmente são os últimos a colher os frutos porque as empresas só vão começar a fazer investimentos nessa área quando começarem a perceber vendas que justifiquem isso. Mas, por outro lado, atividades como manutenção e pequenos investimentos são mais imediatas.
Qual o principal obstáculo para o desenvolvimento de toda essa cadeia?
A burocracia brasileira é muito maléfica. Tem também a questão de financiamento. Estamos tendo muita dificuldade. As empresas, por conta da crise, tiveram que demitir pessoas, estão com máquinas paradas. Algumas têm muitos investimentos ou financiamentos sobre máquinas e produtos, então o capital de giro de quase todas elas virou pó. Os bancos também estão muito exigentes na questão de garantias e os juros ainda estão muito altos, fora da realidade, embora o governo tenha reduzido e a inflação tenha caído. Outra questão é a mão de obra. Como se demitiu muito, você não consegue repor essa força de trabalho tão cedo porque essas pessoas foram procurar outras alternativas, outros empregos. As empresas reduziram a produção, então também não se consegue de uma hora para outra matéria-prima para uma demanda mais forte.
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Como foi o desempenho do setor em Blumenau em 2016?
A atividade encolheu. Houve uma redução de mão de obra de mais ou menos 20%. O faturamento também acompanhou esse número. Foi um ano difícil para a maioria das empresas. São poucas que realmente conseguiram ter algum destaque ou empatar com o ano anterior, que também não foi muito bom.
Como o Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico contribui com a cadeia?
Nós participamos desse planejamento. Ele é bem abrangente, aborda temas importantes para a indústria na questão de infraestrutura, licenças ambientais, incentivos, organização geral das indústrias e a aproximação entre elas, inclusive. Agora que há metas e objetivos temos que colocar em prática os planos de ação.
Qual o peso que a não duplicação da BR-470 tem nos negócios do setor?
Blumenau perde investimentos que talvez pudessem ser feitos aqui ou na região. A gente não consegue mensurar valores. Mas não é só a cidade que perde. Essa é uma das principais artérias da nossa região, que responde por 30% do PIB do Estado. Imagina esse valor todo passando por essa via lenta, de trânsito pesado e com um grande número de acidentes. A perda de vidas e bens também precisa ser levada em conta. Por conta dessa lentidão, às vezes se acrescenta duas ou três horas a mais no transporte. E a demora na entrega gera custo.