Um estudo feito pela Unisul divulgado em dezembro de 2012 pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) mostrou que, naquela época, o atraso na duplicação do trecho Sul da BR-101 já havia deixado de gerar R$ 32,7 bilhões em riquezas para aquela região. O valor considerava apenas a variação do PIB de municípios do Sul catarinense em relação aos investimentos feitos na obra, sem contar gastos com congestionamentos, caminhões parados e cargas perdidas, além das mortes ocorridas na estrada – fatores que certamente elevariam ainda mais o déficit.
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Não existe no Estado nenhuma análise semelhante em relação à BR-470 e, por isso, não é possível cravar ou estimar um montante de quanto o Vale perde por não ter a sua principal rodovia com pistas duplas. Mas o levantamento da Unisul, embora de quase quatro anos atrás, ajuda a dar uma dimensão do quão grande pode ser o rombo causado pela não duplicação da estrada.
A sugestão do DNIT de suspender de vez uma obra que já andava a passos de tartaruga é mais uma ducha de água fria nos anseios do Vale, mas indigna menos do que deveria porque o imbróglio envolvendo a duplicação já não surpreende. Enquanto isso, o desenvolvimento da região continua estrangulado por uma promessa que se arrasta há anos. Até quando?
Sob outro ponto de vista: a duplicação do trecho Norte da BR-101 foi concluída em 2002. Desde então, até 2013, ano do dado mais recente do IBGE, municípios cortados pela rodovia, como Araquari (899%), Garuva (792%) e Piçarras (556%), apresentaram crescimento no PIB bem superior a Blumenau (241%) e Rio do Sul (240%), por exemplo, que não têm acessos por rodovias federais duplicadas.
Há de se considerar que, por serem menores, as economias dessas cidades tendem a registrar uma oscilação mais significativa porque a base de referência é menor. Mas em Joinville (284%) a expansão econômica também foi maior nesse período.
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Não há segredo: estradas duplicadas são um dos pré-requisitos levados em conta por empresas na hora de fazer investimentos que geram emprego e renda – o caso da BMW, em Araquari, é emblemático. Quem tem rodovia nessas condições larga em vantagem na prospecção e se beneficia mais das consequências positivas.