Daqui a alguns anos Blumenau terá uma matriz econômica bem diferente daquela que conhecemos hoje e que projetou a cidade em nível nacional ainda no século passado. Pelo menos dois fatores apontam para isso.

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O primeiro é puramente estatístico: a indústria da transformação vem perdendo participação na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do município. Representava, em 2010, 31,8% das riquezas geradas na cidade, índice que caiu para 28,8% em 2013 – chegou a ser de 36,9% em 1999, mas naquela época a metodologia de cálculo era diferente e levava em conta outros indicadores, o que impede uma comparação precisa.

Esse fenômeno, é bom deixar claro, não é exclusividade nossa e se repetiu em 23 estados neste período.

É provável que a fatia da indústria no PIB blumenauense caia novamente quando os dados referentes a 2014, ano em que começaram a surgir os primeiros efeitos da atual crise, forem divulgados em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Por outro lado, o setor de Serviços avança – respondia por 44,8% do PIB em 2010 e passou a 45,8% em 2013.

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A queda de um e a evolução de outro podem parecer pequenas, mas têm um peso na composição da economia local que não pode ser desconsiderado.

O segundo ponto reside nas próprias políticas públicas de estímulo à economia. Tome-se como exemplo o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico Municipal. O documento até prevê ações para dois dos mais robustos segmentos industriais da cidade (o têxtil e o eletrometalmecânico, que não podem ser deixados de lado), mas contempla ainda comércio, saúde e tecnologia da informação – estes dois últimos setores são apontados como de grande potencial de crescimento.

Há ainda o Plano Municipal de Turismo, que reúne diversas ações para transformar a atividade turística numa importante geradora de receitas da cidade.

Essa transição de polo industrial para polo de serviços é lenta, mas gradual. Não quer dizer que Blumenau um dia vai deixar de ter indústrias, mas aquelas imagens de grandes fábricas trabalhando em três turnos a todo vapor, comuns até o início dos anos 1990, parecem ser cada vez mais improváveis num futuro não muito distante.

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