Pedrada de fora da área, chutaço com força. O goleiro salta, se estica todo e não acha nada. A bola toca a rede e a comemoração toma conta das arquibancadas na Ressacada. Da recorrente imaginação de Pedro Castra até então, foi real a celebração azul e branca. O meio-campista de 25 anos ansiava por um gol diante da torcida. Foi difícil. Teve de finalizar duas vezes seguidas para que na segunda, enfim, a redonda encontrasse o barbante. Valeu ao Avaí a vitória por 1 a 0 sobre o CRB na última terça-feira. Ao jogador, a esperança de uma relação melhor com os azurras de fora do campo.

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Na primeira passagem pelo Leão, ainda no ano passado, o carioca de Volta Redonda desembarcou em Florianópolis sob os olhares desconfiados do torcedor. Afinal, chegou como meia-armador, posição em que o ídolo Marquinhos é absoluto nos corações azurras. Precisou de tempo e boas atuações para mostrar que não rivalizava com o companheiro, embora os três gols assinalados tenham sido um empurrãozinho e tanto. Voltou ao clube para esta Série B do Campeonato Brasileiro e buscava reaver o crédito que tem jogando como segundo volante. O trabalho é mais discreto e, por isso, um chute certeiro de longe viria a ser uma forma de reconhecimento. No entanto, foi a aparição no meio da área que serviu. Ele completou o cruzamento rasteiro de Guga, a bola rebateu na defesa alvirrubra e, persistente, bateu pela segunda vez para poder comemorar.

– É uma sensação maravilhosa. Pude fazer um gol diante da torcida, ajudar o Avaí a vencer, que é o mais importante. Fiquei muito feliz, estava trabalhando bastante para isso. Acho que me faltava um gol importante e uma boa atuação em casa. Agora é bola para frente, é um novo momento. O importante é os três pontos para dar sequência ao nosso objetivo, que é muito maior.

A relação do torcedor para com ele chegou a fazer o técnico Geninho o utilizasse como titular majoritariamente nos jogos como visitante, para fortalecer a marcação e jogar livre de eventuais resmungos da arquibancada. Tanto que das 16 partidas disputadas na Série B, 11 foram fora de casa. No entanto, os desfalques na equipe para o duelo contra o CRB fez com que o comandante lhe confiasse uma vaga. Pedro Castro, então, pôde ser aplaudido.

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– A relação com a torcida é normal para mim. Entendo o lado deles, da cobrança, comigo e para com outros jogadores. Eu tento dar meu melhor sempre, ajudar meus companheiros quando estou em campo. Mas tem algumas mensagens que passam do limite, me deixam chateado e incomodam muito meus familiares. Fico triste por isso, mas tem os que apoiam e incentivam, que me inspiram e ajudam. Claro que a gente não quer ser vaiado, não quer errar, mas acontece. Mas já fui torcedor, sei como é.

 Jogadores do Avaí comentam a fase do time e as suas respectivas atuações em prol da equipe. Eles comentam as suas motivações e como estão se adaptando em Florianópolis. Na foto: Pedro Castro, meia do Avaí (FOTO: TIAGO GHIZONI/DIÁRIO CATARINENSE - FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA, BRASIL - 02/08/2018)
Foto: Tiago Ghizoni / Diário Catarinense

Até porque o Avaí tem representatividade na vida do meio-campista. Não é apenas um clube no currículo. Pedro Castro tem apreço pelo Leão. Foi com a camisa azul e branca que encontrou sua a posição em que julga render mais em campo, como segundo volante, auxilia na contenção e dá suporte aos companheiros mais na frente.

— Poderia ir para outros clubes, mas resolvi voltar ao clube que me identifiquei e tudo mais. Ano passado vim como meia e terminei jogando como segundo volante, gosto mais. Neste ano já comecei como volante. No meio de campo me adapto em qualquer função, porém estou em campo para ajudar. Se me pedir para fazer lateral, vou jogar da melhor forma possível e ajudar o Avaí.

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A dedicação ao clube ficou aparente na última terça. Antes dos abraços dos companheiros após o gol, Pedro Castro beijou o escudo que carrega no lado esquerdo do peito.

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