Sob o olhar atento de skatistas famosos e amadores, crianças, adolescentes e adultos, Pedro Barros desce e sobe, sem parar, as paredes de concreto do bowl, a “piscina vazia” do quintal de casa. Com habilidade, desliza o skate sobre a borda da pista, sem perder o equilíbrio, antes de arriscar mais uma manobra. Aos 15 anos, Pedrinho faz do skate a extensão dos próprios pés e prova por que é o atual campeão mundial da modalidade bowl, no primeiro ano como profissional.

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Um pouco da arte do equilíbrio sobre quatro rodinhas foi exposta no Red Bull Skate Generation, evento para convidados promovido pelos patrocinadores do skatista catarinense. A competição, que teve mais clima de confraternização do que de rivalidade, começou na quarta-feira e foi encerrada sábado, com a participação de pioneiros do esporte como os norte-americanos Steve Cabalero e Christian Hosoi e revelações como o próprio Pedrinho, o paranaense Ronnie Gomes, 18 anos, e o chileno Braulio Sagas, 14.

Todos compartilharam da pista construída há um ano pelo pai de Pedro, André Barros, no alto de um morro, com paisagem exuberante para o mar. Ao som de Van Halen, Foo Fighters, New Model Army e Pixies, eles queriam andar, trocar uma ideia, fazer barulho e se divertir.

Apesar da presença das “lendas” em um evento na Capital, Pedro já conhecia seus convidados das competições no exterior e não escondia a ansiedade para dividir a pista, aprender com os mais experientes e mostrar um domínio que jura não ter.

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– Ainda não tenho total controle dessa pista. Todo o dia aprendo algo novo, ou tento fazer uma manobra que vem na cabeça. Eu tenho muito que evoluir, tanto no bowl, quanto no street, no vertical e na megarampa – explica, citando as modalidades de um skatista completo ou overall.

Para quem teve o privilégio de assistir, Pedrinho, literalmente, passeou na pista. Aproveitou o “gás” da juventude para usar toda a extensão do bowl, sem perder velocidade, da primeira até a última manobra. Mentor de Pedro, ao lado do pai, André, e do tricampeão brasileiro de vertical, Marcelo Kosake, o skatista Léo Kakinho acompanha de perto a carreira do “afilhado de skate” e explica qual é um dos segredos dele:

– Ele corre campeonato como se tivesse se divertindo. Lógico que ele entrou no X-Games para ganhar, mas foi tranquilo, se divertiu – afirmou.

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Para Kosake, o diferencial de Pedro em relação aos adversários, principalmente estrangeiros, é a união de manobras de força com velocidade.

– Ele usa isso e aproveita em todas as situações que a pista oferece. Sem falar que ele tem muita atitude – explica, para lembrar que Pedro teve a coragem de experimentar a megarampa, no ano passado, aos 14 anos.

Mineirinho” com atitude

Acostumado a andar em half pipes (a pista com duas rampas unidas em formato de U), Sandro Dias revelou no bowl uma linha menos aérea e mais convencional, andando com maestria na borda, sempre em sintonia com as verticais paredes da pista do quintal da casa de Pedro.

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Al “Parts” Parten arrepia

Com os cabelos longos encaracolados, presos por um boné, o norte-americano Al Parten esbanjou estilo e simpatia no RTMF Bowl durante o Red Bul Skate Generation. Aos 37 anos, Parts encarou a pista de até 3,5 metros de profundidade como se fosse um adolescente de 15 anos.