Da rua para o pódio. O Comitê Olímpico Internacional fez o skate percorrer um longo caminho ao anunciar em 2016 a inserção da modalidade nas Olimpíadas, a partir dos jogos em Tóquio, no ano que vem. Ganha visibilidade, mas não perde a essência. Notável sobre as rodinhas no mundo pré-olímpico, o catarinense Pedro Barros mantém o estilo de vida do skate desde antes de alcançar os primeiros feitos quando ainda estava na adolescência.
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Nascido em Florianópolis, Pedrinho surgiu como fenômeno aos 15 anos, com títulos e mais títulos nos X-Games, então a principal competição de skate. Com a inserção no programa olímpico, o skatista catarinense tem duas pratas e um ouro nos três campeonatos mundiais da modalidade, sendo a conquista máxima na temporada passada.
Com a modalidade em outro patamar, Pedro Barros foi indicado para o Prêmio Brasil Olímpico. Estar na disputa é considerada conquista, mas que ele prefere dividir com outros skatistas.
– É sempre legal ser indicado a algum prêmio. Mostra que gostam e reconhecem nosso trabalho. O skate é recente nesse mundo de Olimpíada, são muitas coisas novas, mas é legal poder concorrer, principalmente por ser o voto do público. Porque o skate está nas ruas, nas praças, então é um voto que conta muito – justifica.
Ainda que tenha chance de pódio, bem cotado para representar o Brasil em Tóquio em 2020, Pedro Barros gosta mesmo é do skate nas ruas. Como é a essência, um esporte de rua mesmo. Ou no quintal de casa, como o bowl (espécie de piscina, sem água, claro) para andar com o carrinho com os amigos no bairro Rio Tavares. Nele, Pedrinho reforça sua ligação com modalidade. Fica de lado a competitividade implícita de Olimpíadas e prevalece valores que vão além de uma cultura.
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– O skate sempre vai ser o skate, independente de Olimpíada. E o lifestyle (estilo de vida) do skate é que nos faz diferente. É meio óbvio que todos que estão ali vão querer vencer, mas o skate não é apenas sobre perder ou ganhar. Estamos em um mundo intolerante, falta compaixão, falta empatia e irmandade. E eu acredito muito que o skate pode mostrar como é possível a convivência entre pessoas de mundos diferentes, mas que se respeitam e se ajudam – descreve.

Da visibilidade gerada pelas Olimpíadas, Pedrinho espera que seja refletida em mais praticantes e, consequentemente, mais pessoas envolvidas pela essência skatista. Como profissional da modalidade, vai levá-la na corrida por vaga para Tóquio-2020. Ainda que não tenha fechado o ano bem no ranking nacional, com a 14ª colocação, é o quarto lugar no ranking mundial em que reside a confiança de cruzar o mundo e estar na primeira vez do skate em uma olimpíada.
Os 20 melhores deste ranking têm a preferência por vaga olímpica, limitada a três atletas por país. Na frente de Pedrinho, há outro brasileiro, o paulista Luiz Francisco. Perto, em sexto, está o também paulista Pedro Quintas. Proximidade que não incomoda Pedro Barros justamente porque o catarinense tem na atitude os valores da modalidade.
– Tenho quase certeza que estarei na zona de classificação. O mais difícil é estar entre os três primeiros brasileiros. E ver tanto skatista bom aqui no Brasil é demais. O skate é isso.
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Prêmio Brasil Olímpico
A entrada do skate nas olimpíadas possibilitou que Pedro Barros estivesse entre os 10 atletas brasileiros indicados ao Prêmio Brasil Olímpico, que encerra votação popular no dia 10 deste mês (pbo.cob.org.br). É considerado o “Oscar” do esporte brasileiro e premia destaques em diferentes modalidades e o Atleta da Torcida.
O páreo para Pedrinho, porém, é duro. O mesatenista Hugo Calderano, com cerca de 45%, e a ginasta Flávia Saraiva, com mais de 35%, estão na dianteira. O Flamengo, clube de Flavinha, fez campanha para que a jovem voltasse a ganhar o prêmio pela segunda vez. No entanto, o bom momento de Calderano, como o melhor da modalidade fora da Ásia, tem refletido em votos de fora do Brasil para impulsioná-lo à conquista.
Indicados
Ana Marcela Cunha (maratona aquática)
Ana Sátila (canoagem slalom)
Bruno Rezende (vôlei)
Flávia Saraiva (ginástica artística)
Hugo Calderano (tênis de mesa)
Ítalo Ferreira (surfe)
Mayra Aguiar (judô)
Nathalie Moellhausen (esgrima)
Paulo André (atletismo)
Pedro Barros (skate)
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