Uma comparação entre as notas – documentação apresentada à Câmara e disponível para consulta de qualquer cidadão – e as amostras do material impresso pelos deputados para divulgação de ações mostra discrepâncias de preços.
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Um exemplo curioso aparece nas notas emitidas pela Marwic Artes Gráficas, sediada em Nova Iguaçu (RJ). Embora seja a terceira empresa em que os parlamentares mais gastaram nessa legislatura, ela atendeu apenas dois deputados, Felipe Bornier (PSD-RJ) e Nelson Bornier (PMDB-RJ). Pai e filho, os Bornier pagaram R$ 690 mil à Marwic desde 2011.
Nelson se elegeu prefeito de Nova Iguaçu (RJ) no ano passado. Felipe, o filho, segue na Câmara. DC teve acesso às notas fornecidas pela Marwic, para qual Felipe paga entre R$ 12 mil e R$ 14 mil mensalmente desde eleito. Em maio de 2012, por exemplo, o material comprado foi 10 mil exemplares do Jornal Felipe Bornier – uma folha impressa em frente e verso e dobrada ao meio. O conteúdo é a reprodução em texto de quatro discursos do deputado.
O custo de cada folha, portanto, foi de R$ 1,20. DC ligou para a Marwic e pediu um orçamento de uma publicação idêntica: 10 mil cópias impressas em papel offset em preto e branco. A resposta foi R$ 950 – menos de R$ 0,10 por cópia. Ou seja, conforme a nota de R$ 12 mil apresentada à Câmara, o parlamentar pagou um valor mais de 12 vezes superior.
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DC entrou em contato com o gabinete de Felipe Bornier pedindo explicações e não obteve retorno.