O pedido de informação sobre a vida de uma vereadora gerou uma grande polêmica na Câmara de Lages, na Serra Catarinense. Servidora municipal de carreira, Aidamar Seminotti Hoffer (PSD) terá seu currículo profissional, salário e benefícios informados publicamente.

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O caso não teria repercussão alguma não fossem dois detalhes interessantes: Aidamar é uma das principais opositoras do prefeito Elizeu Mattos (PMDB), que tem a maioria no Legislativo, e é a única entre os 19 vereadores que terá seus dados disponibilizados praticamente à força.

O documento inicial protocolado na secretaria da Câmara trazia as assinaturas de oito dos dez vereadores da situação: Rodrigo Silva (DEM), Vone Scheuermann (PSC), João Chagas (PSC), Domingos Rodrigues (PT), Adilson Roza (PTB), David Moro (PMDB), Gerson dos Santos (PMDB) e Thiago de Oliveira (PMDB). Marcius Machado (PPS) não quis participar e Anilton Freitas (PTB) manteve a neutralidade por ser o presidente da Câmara.

Pelo pedido, o prefeito Elizeu Mattos (PMDB) deve informar, entre várias questões, quais as funções exercidas, unidades de lotação e os salários recebidos por Aidamar, servidora concursada da Secretaria da Educação. Ao ser lida em plenário, na sessão de terça-feira, a proposta gerou polêmica até mesmo entre vereadores que estavam citados como autores do pedido.

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Quatro deles alegaram não ter assinado o documento e disseram que seus carimbos foram utilizados indevidamente e, por isso, retiraram seus nomes: Adilson Roza (PTB), David Moro (PMDB), Gerson dos Santos (PMDB) e Thiago de Oliveira (PMDB).

Conhecida por seus discursos enérgicos e até emotivos, Aidamar Hoffer, em seu segundo mandato consecutivo, não chegou a se exaltar e até conclamou todos os demais vereadores a aprovarem o pedido, pois alegou não ter nada a esconder. Porém, deixou claro o seu descontentamento e lamentou o que considera perseguição e retaliação pelo fato de ser opositora ferrenha do atual governo municipal.

– Eu não sou a única entre os 19 vereadores que ocupa outros cargos públicos. Mas sou efetiva há 32 anos, estudei bastante para chegar ao pico da carreira e cumpro diariamente minha carga horária. Não é a primeira vez que isso acontece. No ano passado, na votação para o aumento de vereadores, fui contra e me tiraram a palavra. O que aconteceu agora foi uma ameaça à minha pessoa, um cala-boca como quem diz: “vereadora, a senhora está falando demais”.

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Aidamar solicitou ao presidente Anilton Freitas que instaure um procedimento para apurar quem utilizou indevidamente os carimbos dos vereadores que retiraram seus nomes dos pedidos. Já Anilton determinou à secretaria da Câmara que não aceite mais protocolos com carimbo, apenas com a assinatura de próprio punho dos vereadores ou com procuração.

O presidente não quis dar entrevista sobre o caso. Já o líder do governo na Câmara, Rodrigo Silva (DEM), não pôde atender a reportagem do Diário Catarinense porque estava com a sua agenda de médico lotada nesta quarta-feira, mas por meio da assessoria de imprensa do Legislativo, disse que o pedido de informação é uma situação normal e uma prerrogativa de vereador.