A médica pediatra Marilene Monn, especialista em neonatologia, utiliza sua experiência de mais de 20 anos de prática em consultório para responder sobre comportamento de mães e filhos, e dar sua opinião sobre alguns princípios defendidos pela “criação com apego”.
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Donna – Durante quanto tempo a mãe deve amamentar seu filho?
Marilene – A amamentação é fundamental no primeiro ano de vida do bebê, só traz coisa boa: alimenta, ajuda a melhorar a imunidade e aumenta o vínculo entre mãe e filho. A partir desta idade, o leite perde vai perdendo o seu valor nutricional. Muitas vezes, no entanto, as entidades de saúde recomendam a amamentação até os dois anos, especialmente no caso das mães mais carentes, que não têm condições de comprar bons alimentos para o filho.
Crianças maiores que ainda mamam no peito acabam não se alimentando direito, não almoçam bem, não comem frutas e vegetais e, em vista disso, podem desenvolver anemias. Acredito que quando a amamentação passa desta etapa, até os três ou quatro anos de idade (ou mais), pode estar acontecendo aí uma dificuldade da mãe em se separar do filho, mais do que a dele em desmamar. Cortar este vínculo tão forte pode ser difícil para algumas mães, porque enquanto o filho mama, ele é dependente dela. Depois, começa sua vida como indivíduo.
Donna – O filho dormir rotineiramente na cama dos pais é bom para a família?
Marilene – Também não concordo com esta premissa. Claro que de vez em quando juntar todo mundo na cama dos pais é ótimo, para fazer um programa diferente, uma brincadeira, para assistir um filme. mas não como hábito diário. É importante a criança ter o seu espaço e os pais terem sua intimidade preservada.
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Lógico que existem exceções. Quando o bebê é prematuro, ou a criança for pequena e sofrer de refluxo, por exemplo, é importante ter alguém sempre por perto, para qualquer eventualidade. Mas não deve ser a regra para todas as crianças.
Donna – O pediatra Willian Sears, que compilou os pilares da “criação com apego” diz que até um ano de idade os bebês não fazem “manha”, não sabem chantagear, e que todas as suas necessidades devem ser prontamente atendidas. A senhora concorda?
Marilene – Olha, não é isso o que eu vejo diariamente no consultório. Os bebês, mesmo limpinhos e de barriguinha cheia choram quando são colocados no carrinho. Basta a mãe (ou o cuidador) pegar no colo pra eles começarem a sorrir. Eu acredito que eles são “chantagistas” desde bebês.
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Claro que não se deve deixar um bebê chorando compulsivamente, mas se você atender todas as suas vontades, sempre, vai acabar criando um “tirano infantil”. Superproteção acaba estragando a criança.