Deputado em terceiro mandado, Décio Lima (PT) faz coro ao bloco que classifica como golpe o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Ele está em minoria na bancada federal de Santa Catarina, amplamente favorável ao afastamento. Mesmo assim, acredita que o governo terá os votos necessários na apreciação da matéria em plenário, neste domingo, e que o PT sobreviverá como alternativa eleitoral ao fim da crise. Durante a semana, ele deu à coluna a seguinte entrevista.

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Leia mais comentários do colunista Clóvis Reis

O impeachment tem base legal?

No sistema presidencialista, o instituto do impeachment foi criado para apurar crime cometido pelo presidente da República, mas neste caso não há qualquer crime da presidenta. As pedaladas (fiscais) não se configuram como crime, pois estão previstas na Constituição. Não estamos tratando de impeachment, mas de um golpe.

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O governo terá os votos necessários durante a apreciação do processo na Câmara Federal?

Hoje (quinta-feira à noite) o governo contabilizou 205 votos que julgamos irreversíveis até o momento da votação.

Que cenários o senhor projeta para o dia seguinte à votação?

O Brasil tem que serenar as suas desigualdades políticas e se unir para enfrentar seus desafios e eu tenho certeza que isso acontecerá, pois é uma grande nação e um povo de paz.

Que lições ficam deste processo?

A lição que eu tiro é que a política é um processo de permanente disputa que ocorre em vários campos da sociedade. Porém, o Brasil tem que fortalecer a educação para que no futuro essas disputas sejam travadas com conteúdo rico e, com isso, impedir a intolerância, o ódio e as agressões, que não fazem parte de uma sociedade civilizada.

Quais as implicações eleitorais do impeachment para o PT?

Tenho certeza que o PT sai fortalecido, porque saímos em defesa do Estado Democrático de Direto. Do outro lado, ficaram claramente aqueles que defendem o golpe e que são liderados por um bandido e seu grupo, todos lambuzados na corrupção.

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Na recente passagem por Brasília, o prefeito Napoleão Bernardes participou da reunião em que a bancada do PSDB no Senado projetou o cenário político após a votação do impeachment na Câmara Federal. O convite revelou o prestígio do prefeito junto à cúpula nacional do partido, liderada por Aécio Neves.