Resolvida profissionalmente, aos 45 anos a pedagoga Silvanira Lisbôa Scheffler, tinha tudo o que precisava. Nunca sentiu necessidade de gerar uma criança, de circular pela sociedade com um barrigão de nove meses para se sentir mais mulher ou de trocar fraldas de um bebê para dizer que é mãe.

Continua depois da publicidade

>> Sobram pais na fila de espera para adotar uma criança em Santa Catarina

Muito menos de peregrinar por clínicas de fertilização na tentativa de engravidar depois dos 40. O que ela sentiu nesta fase da vida é que podia fazer mais por alguém, que tinha amor para dividir e vaga de sobra em casa para o pique de uma criança ou adolescente.

Começou como madrinha de um projeto onde meninos e meninas em adoção passam datas como Natal e Réveillon fora do abrigo. Ana*, na época com cinco anos, foi a escolhida para o passeio e depois de idas e vindas, audiências, entrevistas e visitas do serviço social, Ana ficou de vez na casa de Silvanira, mas não deixou o abrigo sozinha, conseguiu uma vaga para um de seus três irmãos.

Continua depois da publicidade

– Eles eram em quatro, não havia condições de ficar com todos. Aí a juíza decidiu que dois ficariam comigo e os outros dois com outra família. Foi a melhor decisão a ser tomada – diz.

Hoje, Ana está com nove anos e seu irmão com 11. A casa ficou pequena para tanta diversão.

– A índole delas vai depender somente de mim. Eu mesma quebrei meus mitos. Uma criança pode te fazer feliz com qualquer idade. Eles são outras pessoas hoje, mais saudáveis, mais educadas, vão bem na escola, e dão trabalho como todos os filhos. Gerar é apenas um detalhe – conta Silvanira.

* os nomes foram preservados pela segurança das crianças.

Assista ao vídeo da campanha Laços de Amor, que incentiva a adoção: