Nos 12 meses do ano passado, 248,2 mil motoristas fugiram do pedágio nas cinco praças da BR-101 entre Palhoça e São José dos Pinhais (PR) ao passarem pelas catracas sem pagar. A média diária no trecho concessionado pela Arteris Litoral Sul foi de 680 casos, cerca de uma ocorrência a cada dois minutos.
Continua depois da publicidade
Apesar da conduta configurar infração grave prevista no Código Brasileiro de Trânsito (CTB), com aplicação de cinco pontos na carteira e multa de R$ 190,23, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) conseguiu aplicar apenas 131 notificações no período. Para mudar essa realidade, a concessionária e os agentes federais planejam aumentar o controle neste ano com sistema de câmeras que será compartilhado com as bases policiais.
A expectativa é reduzir as estatísticas, assim como ocorreu entre 2016 e 2017. No ano passado, os números foram 57% menores do que no período anterior. A redução, aponta o gerente de operações da Arteris, Ademir Custódio, ocorreu por uma série de ações como campanhas de conscientização.
A concessionária prefere não estimar as perdas financeiras com a prática. Para se ter ideia do rombo, se todos os veículos que passaram sem pagar fossem automóveis, em um ano o prejuízo seria de R$ 670 mil – calculando a partir do preço de R$ 2,70.
— O maior prejuízo é a gente não coibir comportamentos perigosos nas rodovias, e isso causa uma sensação de impunidade — diz Custódio.
Continua depois da publicidade
A pessoa que faz a evasão se acha no direito de trafegar pelo acostamento, andar em excesso de velocidade e transgredir outras regras de segurança na rodovia – destaca Custódia.
Empresa vai ceder imagens a policiais
A maioria das infrações é feita por veículos leves. Isso ocorre, segundo Custódio, já que o movimento maior na rodovia é de carros de passeio. Em novembro do ano passado, a concessionária registrou 19 mil evasões, 0,34% do volume total de automóveis. Dos veículos, 65% são de passeio e 35% comercial.
— Será como se o policial tivesse com um binóculo, sem estar presente, mas monitorando em tempo real — avalia Fiamoncini.
As cancelas não são danificadas quando atingidas pelos veículos porque há um sistema para evitar prejuízos no equipamento.
Continua depois da publicidade
Associação critica ato, mas vê “forma de protesto”
Entidade voluntária, a Associação de Usuários de Rodovias do Estado de Santa Catarina (Auresc) classifica os números da Arteris Litoral Sul sob duas óticas. Para o presidente Alisson Luiz Micoski, as evasões são irregulares e podem causar acidentes. No entanto, ele vê nas ações uma “forma de protesto” diante das condições da concessão da rodovia.
— As principais obras e algumas reformas pactuadas com a concessionária não vingaram. Tem uma parcela mínima que faz isso (foge do pedágio) por desvio de conduta, e o concessionário tem mecanismos para cobrar e ingressar na Justiça. Mas há também uma forma de protesto velada contra o descompromisso contratual pactuado com a concessionária — diz.