Uma história de 107 anos marcada por um episódio triste. Fundada como capela em 1916 e reconstruída como paróquia em 1945, a igreja São João Batista foi atingida, há uma semana, por um temporal que deixou rastros de destruição em São João do Itaperiú.
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Cartão postal da cidade, a matriz pode ser vista de quase todos os ângulos e suas paredes reservam lembranças e manifestações de fé de parte dos cerca de 4 mil habitantes do município. No domingo, 26 de fevereiro, um vendaval — denominado microexplosão — de cerca de 75 Km/h destelhou e causou alagamento na igreja.
Desde então, moradores se unem a fim de reconstruir o templo e manter vivas as memórias do espaço que frequentam desde a infância. Para Lúcio Galdino, nascido e criado em berço religioso, a matriz significa a base de sua família.
— Local de minha comunhão, crisma e casamento. Não tem o que falar sobre o que essa igreja representa pra mim e minha família — conta o morador.
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Mas, apesar da fé que une a comunidade, o cenário criado pela microexplosão permanece vivo na cabeça dos fiéis.
— É dolorido. No domingo à tarde, após o evento, socorremos o que deu. São pedacinhos da história que estão no chão — lamenta a professora Silvia Moraes, que também faz parte da comissão organizada que reforma a igreja.
História e campanha para reconstrução
Conforme registros da Cúria Diocesana de Joinville, responsável pela matriz, a comunidade São João Batista foi fundada em 1905 por Batista Dalri, um católico fervoroso que doou o terreno para construção do templo que foi erguido em setembro de 1916.
Esta primeira capela foi utilizada pela comunidade até 1945, no entanto, três anos antes, iniciaram as obras para a nova estrutura da igreja, inaugurada em 1945. Depois, em 11 de dezembro de 2021, a paróquia foi construída. Anteriormente, a matriz fazia parte da paróquia Divino Espírito Santo.
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Por causa do vendaval, a cobertura da matriz precisará ser toda refeita, além das molduras restauradas e uma nova pintura. Com a força da chuva, a parte elétrica também foi afetada e o piso terá de ser substituído.
Para que esses pedacinhos da história retomem seus lugares, o Conselho Missionário Pastoral Comunitário, que administra a igreja, lançou a campanha “Reconstrói São João”, já que, apesar de a paróquia ter seguro, o valor não cobrirá todas as despesas.
A ideia é arrecadar pelo menos R$ 300 mil pra fazer toda reforma do que foi perdido e aproveitar ainda para trazer melhorias que já estavam previstas. Quem tiver interesse em ajudar, pode enviar o valor desejado para a chave pix 84.708.478/0068-78. Há também a possibilidade de fazer as doações diretamente na secretaria da igreja.
Outros estragos na cidade
Além da igreja matriz São João Batista, a microexplosão também destelhou diversas casas, depósitos e levou ao chão bananais e outras plantações que são o principal modo de sobrevivência dos moradores. Na lavoura, o prejuízo total foi de cerca de R$ 20 milhões.
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Na cidade, a tempestade teve início às 15h e durou cerca de 10 minutos. Depois, por volta das 16h, começaram as rajadas de vento. Segundo a Epagri, o fenômeno climático foi provocado por uma frente fria em alto mar associada a um sistema de baixa pressão no sul do Paraguai, além do fluxo de calor e umidade vindo da região amazônica.
Por causa da situação, São João do Itaperiú decretou situação de emergência um dia após registrar a microexplosão. A prefeitura informou que municípios vizinhos chegaram a enviar maquinários para auxiliar na limpeza. O Governo do Estado também enviou materiais como kits de higiene e limpeza, além de telhas, cestas básicas e colchões para os moradores prejudicados. Os bairros Centro e Toca foram os mais atingidos.
A microexplosão também causou danos na cidade vizinha de Barra Velha. No município, no entanto, as ocorrências foram menores, com apenas uma queda de árvore, destelhamento de casas e de um barracão próximo ao Parque Aquático Gralha Azul.
A Epagri ainda informou que este fenômeno climático é comum em Santa Catarina nesta época do ano e ocorre quando uma nuvem do tipo cumulonimbus não suporta o acúmulo de água e a despeja tudo de uma vez, gerando fortes rajadas de vento e raios.
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*Com informações de André Pereira, NSC TV
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