Quatro mil terneiros vivos embarcam nos próximos dias, pelo Porto de Imbituba, rumo à Turquia. Esse é o primeiro lote da história da pecuária catarinense, e com a compra dos animais, feno e ração, o negócio injetou cerca de R$ 10 milhões na economia do Estado. E esse é apenas o começo. Com os animais ainda em terra firme, o negócio já começa a atrair outros interessados, e os produtores de Santa Catarina devem aproveitar o bom momento para movimentar o setor e driblar a crise.

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Desde o início do mês, as centenas de cabeças estão sob os cuidados atentos do administrador da operação, Maurício Ceron, em uma área de 30 hectares, distante cerca de 10 quilômetros do porto. A operação na Tex Foods, empresa catarinense de propriedade de dois empresários italianos, ocorre 24 horas por dia e emprega cerca de 20 colaboradores de Imbituba e região, responsáveis pela alimentação e cuidados com os animais.

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— Foi um processo de anos até a primeira carga. Com a estrutura pronta, o câmbio favorável para a exportação e o Certificado Zoossanitário Internacional (CZI), é mais uma porta que se abre pra a economia de Santa Catarina — explica Ceron.

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O CZI foi uma conquista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em agosto do ano passado, junto aos órgãos veterinários da Turquia. Com a liberação dos negócios e a primeira carga prestes a embarcar, o próximo passo da Tex Foods é duplicar a estrutura e fazer negócios com todo o ciclo do gado. Além da exportação de terneiros, também está nos planos dos empresários italianos Fulvio Fortunati e Carlo Siciliani mandar para fora do país o boi gordo e a vaca de leite.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, a primeira exportação vai abrir portas para outros países e para novos negócios.

— Fui procurado por uma empresa do Uruguai, que também exporta para Europa, Iraque, interessada na operação. Eles querem trabalhar com o produtor de Santa Catarina, e no momento não vamos ter material pra atender toda demanda que está se apresentando, mas isso é ótimo. Com o país vizinho, nossa intenção é fazer o meio campo para melhorar ainda mais o preço para o produtor — analisa o dirigente.

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Melhor remuneração do mercado brasileiro

Dos animais que serão embarcados no final deste mês, 100% foram comprados em feiras ou diretamente com produtores de Santa Catarina em mais de 30 cidades diferentes. Durante os 21 dias que ficam no estabelecimento pré-embarque, eles passam por um processo rigoroso de identificação, vacinação e cuidados sanitários, além de mudanças na alimentação.

Além de movimentar o mercado, a exportação trouxe bons lucros para quem negociou com a empresa. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, a remuneração de R$ 7 por quilo é a melhor do mercado brasileiro. Os terneiros não são castrados, e seguem para o processo de engorda e abate na Turquia. Cada animal tem, em média, 200 quilos, com idades entre seis e 11 meses. As principais raças envolvidas no negócio são Charolês, Devon, Limousin, Hereford e Angus.

Para a administração do Porto de Imbituba, a exportação de gado vivo só será possível graças a um trabalho conjunto e a parceria com a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Com garantia sanitária, os animais podem seguir em segurança para novas rotas, segundo o presidente do porto, Rogério Pupo.

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— A localização do nosso porto, bem próxima de onde ficam os animais, viabiliza que os terneiros sejam encaminhados por aqui, além da estrutura que foi feita. O porto faz muito tempo que não realiza transporte de carga viva, estamos trabalhando em conjunto para viabilizar o sucesso dessa operação — resume.

Outros números

Para embarcar os 4 mil animais, serão três dias de operação. Primeiro, a equipe leva a estrutura que servirá de passarela do caminhão até o navio, carrega a alimentação do animal e faz os demais preparativos. Diariamente, esses animais consomem 15 toneladas de ração e 10 toneladas de feno, além de centenas de litros d¿água. Nos dias seguintes, 14 caminhões farão o revezamento no transporte dos bovinos da área até o porto, com 35 animais por vez. O embarque total deve levar 24 horas, a operação começa no dia 30 de maio e encerra em 1º de junho.