A estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) anunciou nesta sexta-feira que começou o pagamento de juros de um bônus da dívida com vencimento em 2022 e ratificou, diante de temores de default, que vai seguir cumprindo seus compromissos internacionais.
Continua depois da publicidade
“Já se iniciaram as transferências bancárias correspondentes aos juros do Bônus PDVSA 2022 de cupom 12,75% por 191,3 milhões de dólares”, informou a companhia em um relatório.
A agência de classificação financeira SP Global Ratings advertiu em julho sobre o risco de calotes devido ao deterioramento das condições econômicas e ao aumento das tensões políticas na Venezuela, em meio a protestos opositores que deixaram cerca de 125 mortos entre abril e julho.
Segundo a Argus Media LTD, provedora de dados do mercado global de energia baseada em Londres, o país sul-americano enfrenta 4,9 bilhões de dólares em pagamentos de juros da dívida entre agosto e setembro, dos quais 3,2 bilhões correspondem à dívida de bônus da PDVSA.
Continua depois da publicidade
“A Venezuela, através da PDVSA, vem honrando suas obrigações, desmentindo as vozes de agouro que apostam no descalabro econômico do país”, completou, contudo, a estatal.
Na semana passada, em um informe publicado em seu site, a Petróleos de Venezuela confirmou que suas receitas, fonte de 96% das divisas do país, caíram 33,5% em 2016 devido ao colapso dos preços do petróleo. Elas recuaram a 48,002 bilhões de dólares, frente a 72,169 bilhões em 2015.
O preço médio da cesta de petróleo venezuelano ficou em 35,15 dólares por barril em 2016, depois de ser avaliado em 44,65 em 2015, uma queda de 21%.
Continua depois da publicidade
O informe da PDVSA indicou que a Venezuela colocou no mercado cerca de 2,57 milhões de barris diários (mbd) em 2016, ante 2,9 mbd em 2015. A redução continuou em 2017 a 1,9 mbd, segundo a própria empresa.
O governo manteve o pagamento da dívida, mas às custas de uma drástica redução de importações, o que agrava a severa escassez de alimentos e medicamentos que atinge os venezuelanos.
Desde a queda dos preços do petróleo em 2014, quando o barril venezuelano era vendido a 88,42 dólares, se aprofundou a crise com desabastecimento de produtos básicos e a inflação mais alta do mundo, que o FMI projeta em 720% para 2017.
Continua depois da publicidade
* AFP