Depois de obter uma sobrevida e ter sua permanência no cargo até a reforma ministerial sinalizada pela presidente Dilma Rousseff, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tentará hoje obter o respaldo de seu partido, o PDT.
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Presidente licenciado da sigla, Lupi espera uma manifestação formal em sua defesa após uma reunião da executiva ampliada da legenda, que contará com a presença das bancadas no Congresso e dos presidentes dos diretórios regionais.
A intenção é isolar os pedetistas contrários a sua permanência. O cálculo político de parte do PDT é de que a saída do ministro pode significar a perda da pasta e prejudicar a legenda nas eleições municipais de 2012.
Lupi foi colocado em situação delicada nas últimas semanas por conta das denúncias de irregularidades em convênios da pasta e de suas versões conflitantes para uma viagem feita ao Maranhão em dezembro de 2009.
Ele deslocou-se por algumas cidades em um avião providenciado pelo diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira. Em depoimento na Câmara, Lupi negou o fato e disse não ter relações com Meira.
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O ministro foi desmentido pelo diretor da ONG e atribuiu a declaração anterior a um “lapso de memória”. Não foi explicado até agora quem pagou pelo voo do ministro. Lupi afirma que cabe a seu ex-assessor, Ezequiel Nascimento, esclarecer o caso. Foi Nascimento quem revelou o fato de o avião ter sido solicitado a Meira.
Secretário-geral do partido e braço direito de Lupi no comando da legenda, Manoel Dias dá o tom da manifestação esperada pelo ministro.
– Dessa reunião sairá a unidade partidária – diz.
Para ele, não há nenhum motivo para uma demissão.
– Como vamos tirar um companheiro contra quem ninguém comprovou nada? – questiona Dias.
O clima para o desagravo a Lupi está preparado pela própria convocação da reunião. Decidiu-se por incluir no debate os presidentes dos 27 diretórios regionais do partido. Dois terços deles estão no cargo por meio de comissões provisórias, ou seja, devem a função ao próprio Lupi. Com isso, a intenção é deixar isolados os que continuam defendendo o afastamento do ministro, como os senadores Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF) e o deputado Reguffe (DF).
Uma amostra de como a reunião será favorável é que mesmo quem defendia posição semelhante agora pensa diferente. Líder da bancada no Senado, Acir Gurgacz (RO) mudou de posição.
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– Ele (Lupi) me convenceu de que não fez nada de errado. Não podemos ficar nessa onda de denuncismo – disse Gurgacz ontem.
Na semana passada, o senador defendia o afastamento como solução melhor para o próprio ministro, que deixaria de sangrar devido às denúncias.
O respaldo do PDT a Lupi deve-se à análise da maioria da legenda de que sua saída traria ainda mais desgastes. Está no horizonte das preocupações também o desempenho eleitoral em 2012. Perdendo um ministro por denúncias de corrupção o partido não teria como enfrentar um debate ético nos municípios, avaliam pedetistas.
No Rio, Lupi se disse “pronto para a luta” e afirmou que o partido apoia a presidente Dilma Rousseff independentemente de estar ou não no governo. Lupi afirmou estar preparado para responder a qualquer questionamento dos companheiros. Afirmou também estar disponível para voltar ao Congresso, caso seja chamado pelos parlamentares.
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