A cúpula do PDT unificou o discurso em reunião na noite desta terça-feira em Brasília para defender a permanência de Carlos Lupi à frente do Ministério do Trabalho. Em encontro da executiva nacional, das bancadas na Câmara e no Senado e dos presidentes dos diretórios regionais, apenas dois dissidentes continuaram a defender a saída do ministro e a ampla maioria da legenda passou o recado de que apoia a decisão da presidente Dilma Rousseff de segurar Lupi até a reforma ministerial.

Continua depois da publicidade

O presidente em exercício do PDT, deputado André Figueiredo (CE), afirmou que o ministro conta com apoio maciço da legenda.

– De maneira uniforme ratificamos o apoio ao ministro Carlos Lupi – disse Figueiredo em entrevista ao lado dos líderes na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), e no Senado, Acir Gurgacz (RO).

Segundo os participantes da reunião, apenas o deputado Reguffe (DF) e o senador Pedro Taques (MT) defenderam que Lupi deixe o cargo e o partido abandone o governo Dilma Rousseff. Também contrário à permanência do ministro, o senador Cristovam Buarque (DF) não participou por estar no lançamento de um livro de sua autoria. Todos os outros participantes – 18 deputados, três senadores e presidentes de 26 diretórios regionais – deram respaldo à permanência do ministro, que é também presidente licenciado da legenda.

Apesar da declaração de apoio, o partido ainda não divulgou nenhuma nota formalizando a posição. Figueiredo afirmou que poderá ser feita uma manifestação oficial de que o partido apoia a permanência de Lupi e o governo da presidente Dilma. Na reunião cogitou-se uma moção de apoio ao ministro, mas diante da falta de unanimidade a ideia não prosperou.

Continua depois da publicidade

O ministro participou de toda a reunião. Repetiu a sua versão final sobre o polêmico voo no Maranhão realizado em dezembro de 2009 em um King Air providenciado pelo diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira. Fundamentou sua defesa em manifestações do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Na visão de Lupi, o Ministério Público já o teria inocentado no caso. Mesmo com a demonstração de apoio dos correligionários, o ministro saiu sem dar declarações à imprensa.

O líder do PDT na Câmara afirmou que a reunião encerra a discussão do caso dentro do partido.

– Não tem nenhum deslize moral ou ético que justifique a saída do Lupi do Ministério – disse Giovanni Queiroz. Secretário-geral do partido, Manoel Dias, chegou a ironizar sobre algum comprometimento ético de Lupi.

– Se eu fosse ministro ia pedir logo para um amigo me dar um avião porque não ia ter de ficar pedindo nada para ninguém.

Enquadramento

Durante a preparação para a reunião, alguns dos aliados do ministro chegaram a defender o enquadramento dos dissidentes. Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), disse após encontro com Lupi pela manhã que Reguffe, Taques e Cristovam deveriam sair do partido. “Se as pessoas incomodadas são tão éticas que não podem conviver com o Lupi deveriam pedir para sair”. A declaração foi mal recebida. Cristovam chegou a sugerir que Paulinho pedisse sua expulsão.

Continua depois da publicidade

– Eu defendo apenas que o Lupi e o PDT deixem o governo, se o Paulinho é mais radical e quer a minha saída do partido basta apresentar um pedido de expulsão para que o partido decida.

O próprio presidente da Força recuou da pressão sobre os dissidentes e apoiou a tática da maioria dos líderes pedetistas de que é melhor deixar os adversários de Lupi isolados.