A palestra do doutor em Economia, Paulo Rabello de Castro, economista e presidente da SR Rating, primeira empresa brasileira de classificação de riscos de crédito, abriu na tarde desta quarta-feira o ciclo de debates do projeto Cresce SC, apoiado pelo Diário Catarinense.

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:: Produtividade industrial e queda nas vendas foram alguns dos temas do primeiro debate do Cresce SC

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De acordo com o economista, dois vilões conhecidos do povo brasileiro são os responsáveis pela estagnação econômica: tributação e burocracia. Castro mostrou que de 1997 a 2013, período que conta a história do plano real, o PIB cresceu 3,1%. Enquanto isso, a despesa total do governo subiu quase o dobro (5,2%), e a arrecadação total de impostos para cobrir essas despesas, 5,7%.

Castro explica que as despesas totais do governo não podem evoluir acima do PIB. O ideal é que elas cresçam abaixo da evolução do PIB, mais precisamente a um ritmo de 1/3 do crescimento do Produto Interno Bruto. Ele explica que esta é a regra básica para que o país consiga atingir uma uma carga tributária marginal (fatia do crescimento econômico apropriada pelo governo) aceitável, em torno de 30%. Hoje, como mostra o economista, a carga tributária marginal no Brasil é de 41,5%, parecida com a do último período do governo FHC.

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– A carga tributária come a capacidade de investir das empresas – definiu Castro, acrescentando que as altas taxas têm relação direta com o que ficou conhecido como pibinho.

O economista mostrou ainda que os investimentos atuais das empresas vêm principalmente de dinheiro externo (quando o empresário se cansa e acaba vendendo parte da companhia) e dinheiro público do BNDES. Os investimentos com recursos próprios, como ele destaca, caíram de 67,5% do total investido pelas empresas, em 2005, para 32% em 2013.

Para ele, os empresários precisam fazer a sua parte no desenvolvimento econômico, inovando e aumentando sua competitividade, mas também levando suas propostas ao novo presidente eleito. Nelas, devem estar presentes cinco objetivos principais: simplificação fiscal, contenção dos gastos correntes, ênfase em exportação e inovação e, finalmente, capitalização popular (o povo no mercado financeiro, transformando parte do FGTS em fundo de investimento).

Castro ressaltou que a tarefa do próximo governante brasileiro será a de enriquecer o povo brasileiro. Na sua análise, o modelo de crédito facilitado para a o crescimento do PIB está acabado, pois era baseado em uma maior oferta de crédito no mercado externo, o que não existe mais.

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– Lula e Dilma surfaram na onda da oferta de crédito e a transformaram em inclusão social. O que é ótimo. Mas agora o desafio é fazer com que o povo não demore mais 30 anos para pagar uma casa, e ainda tenha a dívida do liquidificador para pagar – disse.

O economista ainda elogiou o modelo catarinense, afirmando que todo o projeto que se considera excelente para o Brasil, Santa Catarina já está empenhada em realizá-lo. Segundo ele, graças à inovação – tanto no chão de fábrica quanto na gestão de empresas – o Estado está crescendo mais do que a média brasileira em produção industrial.