O empresário e advogado Paulo Luiz da Silva Mattos assume nesta quinta-feira, pela segunda vez, a presidência da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), com mandato de um ano. Com a experiência adquirida no primeiro mandato, de 2002 a 2003, Mattos pretende dar continuidade aos projetos iniciados na gestão da atual presidente da entidade, Monika Hufenüssler Conrads, e retomar propostas antigas de melhorias, como a duplicação da BR-280.
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Confira a entrevista em que Mattos relata as principais ações que pretende executar e a avaliação dele sobre a situação econômica e o desempenho do setor empresarial nacional e regional. A posse ocorrerá às 19h30, no Clube Atlético Baependi.
A Notícia – Como o senhor avalia a conjuntura econômica brasileira? Acredita que ela favorece o empresário?
Paulo Mattos – Tenho certeza que a conjuntura econômica brasileira não nos ajuda muito. Temos alguns aspectos que não são estimulantes, como a carga tributária, que onera demais a produção. Outro aspecto que não nos deixa tão otimistas é a lentidão do governo. O segmento econômico é o que mais tem sido sacrificado nos últimos tempos, tanto por causa do custo para escoar a produção quando pela falta de infraestrutura. O Brasil passa por um momento muito crítico. O volume de investimentos em infraestrutura é aquém do que exige um País de dimensão continental como o nosso.
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AN – Além da continuidade dos trabalhos realizados pela gestão anterior, tem algum projeto que pretende retomar de quando foi presidente da entidade, em 2002 e 2003?
Mattos – As gestões da Acijs são caracterizadas pela continuidade. Como fiz parte da atual gestão, não haverá dificuldade em levar adiante os projetos que a Monika idealizou. São linhas de ação que a Acijs pode abraçar com as autoridades para que sejam implementados projetos de infraestrutura, como a duplicação da BR-280, que já tem mais de 20 anos, melhorias na mobilidade urbana e nos hospitais. Também é preciso criar um ambiente mais propício para a educação, com a possibilidade de implantar o regime integral e de qualidade. Se lá atrás eu tive o desafio de ser o presidente da entidade, agora, com mais experiência, eu faço dessa oportunidade uma missão que quero desempenhar bem.
AN – Neste ano eleitoral, a Acijs pretende realizar alguma campanha para aumentar a representatividade política da região?
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Mattos – Temos um projeto de melhoria da nossa representatividade, para eleger pelo menos dois deputados estaduais e um federal. Estamos discutindo desde o segundo semestre do ano passado com as lideranças políticas e vamos fazer uma cruzada para transformar o voto regional num voto que potencialize a escolha de representantes da região, para haver a contrapartida do volume de investimentos gerados na cidade. Jaraguá do Sul sempre contribuiu para os índices de desenvolvimento de Santa Catarina, mas hoje estamos praticamente estabilizados. Se analisarmos o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, crescemos 9,7%, o mesmo índice pela média do crescimento dos municípios catarinenses. Precisamos criar mecanismos para crescer mais.
AN – Quais os maiores desafios de Jaraguá do Sul na área de infraestrutura?
Mattos – Temos uma carência muito grande na área de comunicação. A rede de fibra ótica é muito carente na cidade, se precisar fazer alguma melhoria na empresa, tem de utilizar a via analógica. A velocidade das informações é incompatível com a estrutura existente. A mobilidade urbana também precisa ter uma atenção especial, sair do discurso para ir para a prática. Se você olhar para os postes é um festival de fios, e nossas calçadas têm grandes problemas. Se tivermos uma boa infraestrutura, não só vamos atrair novas empresas como também estimular as que estão na cidade a investirem mais.
AN – Acredita que a cidade está consolidada na rota dos grandes eventos?
Mattos – Acho que tivemos uma bela evolução nos últimos anos. Mas se quisermos ser vitrine para os grandes eventos precisamos oferecer uma boa imagem. Temos de tirar uma grande lição da Copa do Mundo no Brasil, pois a Fifa só colheu dor de cabeça. A Grécia, que tem só 11 milhões de habitantes, recebe por ano 75 milhões de turistas. O Brasil, com praticamente 200 milhões de habitantes, recebe seis milhões de turistas, é uma vergonha quando se fala em turismo no País. Temos tudo o que fazer: precisamos ser atrativos, ter aeroportos, atracadores de navio na nossa orla e oferecer oportunidades. Também acredito que o poder público deve levar a experiência que a iniciativa privada tem nos seus negócios. As referências que os empresários têm dos lugares que conhecem podem ser bem utilizadas pela administração.
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