Foi coisa de força magnética, chacras alinhados, estrelas cadentes e tudo mais que possa ser explicado pela energia, o que atraiu Fernanda Marcondes para Florianópolis. A paulista de Salto, no interior paulista, veio para cá sem conhecer nada e aqui se encontrou.
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A vinda foi em 2019 a bordo de um fusca que é seu xodó. Lembra com facilidade das primeiras coisas que fez aqui: conheceu a praia da Armação, no Sul da Ilha, e depois o mar do Matadeiro. Foi a água gelada, típica da área, que recebeu a fotógrafa numa espécie de batismo ou renascimento. De lá em diante, se tornou manezinha honorária e defensora e usuária da natureza de Florianópolis.
— Fui adotada pela Ilha — exclama Fernanda.
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E foi mesmo. Não do jeito tradicional com cartório, justiça e mudança de sobrenome. Foi uma adoção em que a natureza é a mãe, e a fotografia, o pai. Fernanda é a filha feliz deste casamento e ganhou de herança a habilidade em clicar as trilhas e o mar de maneira única.
As fotos que tira, Fernanda emoldura e vende na feira de artesanato de Santo Antônio de Lisboa, no Norte da Ilha. O estande de lona azul em que trabalha pelo menos três dias da semana é formado por duas mesas recheadas de fotos nos mais diferentes formatos. São posters, quadros de parede, cartões postais. Os mais vendidos, conta a fotógrafa, são as imagens da Ponte Hercílio Luz, ponto turístico da Capital.
Mas o seu preferido é uma imagem da Praia de Naufragados, feita na primeira vez que esteve lá. A fotografia foi premiada, escolhida em meio a outras 15 mil em um concurso. Mas essa não foi a única vez em que o trabalho de Fernanda sobre a Ilha ficou em evidência.
É dela a ideia, o trabalho e a instalação da placa que indica que o ponto da Coroa, na trilha da Lagoinha do Leste, é área de abdução alienígena. O espaço, que já tem a mística das bruxas da Ilha, também é um ponto energético importante, explica Fernanda.
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— Eu acredito muito que não somos os únicos [a estar no planeta] — conta olhando para cima.
A placa, que virou ponto turístico, foi feita com madeira de construção reciclada e pintada com esmalte. Foi ela mesmo que instalou o ponto sem saber a dimensão que aquilo ganharia ao ser postado na internet. Fazer a estrutura foi como vomitar arte e se livrar de alguma maneira dos sentimentos e sensações que a depressão a fez sentir.
Quando Fernanda resolveu compartilhar com seus poucos seguidores a placa que fez, descobriu on-line que o objeto já tinha virado ponto turístico. Agora, a nova manezinha quer instalar os pontos em espaços pela cidade. Todos simbólicos para ela e para a Ilha.
A Florianópolis de Fernanda é o quadrado que ocupa alguns dias da semana em Santo Antônio de Lisboa, onde vende sua arte. É também a Lagoa da Conceição, onde morou logo que se mudou para cá (o “coração da Ilha“, como Fernanda chama o local). É também todas as trilhas que levam às praias da cidade (as que ela já fez mais de uma vez e as que estão na lista das próximas aventuras). É ainda o Norte da Ilha, mais precisamente o bairro Ingleses, que hoje é onde mora com as duas cachorras e o seu companheiro. Conta que faz tudo a pé pelas ruas, conhece os vizinhos e está perto do mar. Que delícia, resume Fernanda.
Mais de 19 mil paulistas vivem em Florianópolis
Fernanda faz parte dos 19 mil paulistas que moravam em Florianópolis quando os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) bateram às portas dos moradores de Florianópolis atrás de informações para compor o Censo de 2010.
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Apesar de já ter prévias do Censo de 2023, o IBGE ainda não diferenciou os dados de quantas pessoas de foram moram aqui atualmente. O que já foi divulgado é que a população cresceu. Conforme dados divulgados até março, são 574.200 mil com DDD 48.
Segundo o dado da Florianópolis de 12 anos atrás, a população de 421.240 habitantes era formada em sua maioria por catarinenses (293.262) e depois por quem veio de outros estados para cá. Gaúchos (53.476), paranaenses (22.363), paulistas (19.624), cariocas (7.988) e estrangeiros (4.622).
Floripa 350 anos
A história de Fernanda faz parte do projeto Floripa 350 anos, que celebra o aniversário da cidade. De março até dezembro serão contadas histórias sobre a cidade para celebrar a cultura, história e também sobre como Florianópolis cresceu ao longo dos anos.
Assista o vídeo “Quantas Florianópolis cabem aqui?”
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