Veterano da guerra do Iraque e ex-assessor antidrogas na gestão George W. Bush, Paul Chabot participa de uma coalizão que ajudou a convencer 200 cidades na Califórnia a banir lojas de maconha medicinal. Autor do livro Eternal Battle Against Evil, diz que o lobby pró-maconha tem sido sinistro com as famílias.
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Zero Hora – Há quem considere a luta contra o narcotráfico uma guerra perdida. Por que não tentar a legalização?
Paul Chabot – Não é uma guerra perdida. Não é uma guerra de forma alguma. O problema das drogas é um câncer que dilacera famílias e o tecido moral de uma comunidade. O uso de drogas, na realidade, caiu nos EUA nos últimos 30 anos em razão dos nossos esforços. Devemos atacar o problema com educação, prevenção, tratamento e coerção – mas nunca devemos desistir. O mundo tampouco irá vencer a guerra contra a pobreza. Esse tipo de questão não é vencível,mas administrável.
ZH – Quais são os riscos da legalização?
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Chabot – Aumentar o uso de drogas, aumentar o número de motoristas chapados, aumentar a sonegação etc. Temos problemas suficientes na sociedade em razão da regulamentação de produtos como o álcool, não precisamos adicionar outro problema massivo nas costas das próximas gerações.
ZH – Quem se beneficia e quem perde?
Chabot – Ganham os que chamamos de ‘Big Marijuana’ (Grande Maconha), que financiam os esforços de legalização e contratam pessoal para promover o uso da maconha, muito similar ao que aconteceu com o tabaco nos anos 1980. Os cartéis de drogas se beneficiarão porque irão vender a preços mais baixos porque não irão pagar taxas. Quem perde? As crianças, com o aumento de viciados.A saúde pública, com o aumento no uso de serviços de pronto atendimento e outros serviços médicos. Abusos a crianças e a mulheres irão aumentar. As ruas vão ficar mais perigosas.
ZH – O senhor teme que a administração federal esteja deixando de se opor de forma contundente à venda de maconha?
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Chabot – Sim, a administração Obama tem sido um fracasso total. Tem ignorado a Cláusula de Supremacia da Constituição, que afirma que, quando as leis estaduais e federais entram em conflito,a lei federal supera a estadual.Obama ignora nossa lei federal de drogas e não tem um plano concreto para reduzir o alto número de jovens que usam drogas. O legado de Obama pode ser uma nova geração de viciados.
ZH – A legalização é mesmo uma tendência ou está restrita a poucos Estados?
Chabot – Não,isso é coisa dos grandes investidores em maconha,que não querem apenas a erva legalizada,mas todas as drogas legalizadas. Eles fazem uma espécie de campanha política com informações falsas,e enganam alguns eleitores que não pesquisam sobre o assunto.
ZH – O que explica que, pela primeira vez, mais da metade dos americanos não se oponham à legalização da maconha?
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Chabot – O Big Marijuana gasta muito em propaganda e lobistas. Nosso lado não tem dinheiro para contrapô-los. A verdade está nas sombras e tanto americanos quanto outros países caem nas mentiras e em exageros – é como a analogia do sapo fervido (Se jogado em água fervente, o sapo pulará, mas se for colocado em água fria, lentamente aquecida, não irá perceber o perigo, o que ilustra a dificuldade de reação em mudanças graduais). Eles estão nisso há duas décadas e têm sido lentos, metódicos e sinistros, enquanto as vidas de jovens e famílias estão desmoronando.