Patricia Maia nunca soube parar quieta. Na infância, morava em Três Barras, no interior de Santa Catarina, e transformava o espaço pequeno das casas em que vivia em um motivo para ir a todo tipo de curso que aparecia na pequena cidade. Quando casou e resolveu tentar a sorte em uma cidade maior, aqueles conhecimentos ajudaram a mudar a realidade de um grupo de mulheres no Loteamento Juquiá, onde há algumas das situações de maior vulnerabilidade social de Joinville.
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Ela criou o grupo Mulheres Vitoriosas, com o qual muitas moradoras puderam aprender artesanato e começar a empreender. Era na casa de uma delas que as moradoras se reuniam, buscando novas formas de incrementar o orçamento doméstico.
Mas os olhos e os braços de Patrícia não pararam: ela lançou sua atenção para as meninas da comunidade, e as ensinou a encontrar a beleza — não só no espelho, mas também ao observar o próprio mundo. Com o projeto "Beleza Escondida do Juquiá", ela produziu ensaios fotográficos que resgataram a autoestima das crianças e promoveram um novo olhar sobre a periferia da cidade.
Confira o perfil publicado na coluna Os Catarinenses, na edição de 18 e 19 de janeiro
Nome
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Patricia Maia
Idade
32 anos
Uma comunidade de vitoriosas
Quando eu cheguei em Joinville, há 10 anos, a situação no Juquiá era pior. As pessoas estão conseguindo melhorar suas casas, mas ainda é uma área irregular. Eu via que as mulheres não faziam nada e resolvi criar o grupo das Mulheres Vitoriosas com outra amiga. Nos reunimos em uma das casas para ensinar e para produzir. Hoje, muitas mulheres que não sabiam nada de artesanato ganham seu dinheiro com a venda dos produtos.
Toda a beleza do mundo
Eu percebi que as crianças do Juquiá nunca teriam uma chance de serem consideradas bonitas quando a minha filha começou a participar de concursos de beleza. Precisa ter dinheiro para tudo e elas sempre ficariam para trás, ficariam escondidas. Então, comecei a ensinar as meninas a se arrumarem mais e a fazer ensaios fotográficos delas, chamei o projeto de Beleza Escondida do Juquiá. Enquanto fazia as fotos, podia conversar com elas, incentivar a ficarem na escola e a tirarem boas notas, a respeitarem os pais.
Transformação do próprio mundo
A fotografia era um amor que eu tinha, mas nunca pude aprender. Comprei uma câmera semiprofissional e fui aprendendo com a ajuda de alguns profissionais, com vídeos no You Tube. Comecei a trabalhar fazendo fotos de festas, batizados e ensaios, e levo principalmente para fazer as fotos no Parque Caiera. Muita gente que não conhecia o parque e perguntava onde era aquele lugar ficavam surpresos porque é entre o Adhemar Garcia e o Ulysses Guimarães. Tinha muito preconceito. Hoje, eu vejo muitas dessas pessoas visitando e fazendo suas fotos lá.