Os olhos tranquilos e as bochechas de Samuel demonstram a serenidade e a saúde de ser um bebê que nasceu em uma nova fase do Jardim Paraíso. Aos quatro meses, ele é uma das crianças atendidas pela Pastoral da Criança, projeto da Igreja Católica que, desde 2005, oferece suporte para as famílias com filhos de até seis anos. No bairro, localizado na zona Norte de Joinville, pelo menos 11% da população são formados por crianças de zero a cinco anos, a mais alta taxa de Joinville, junto com o Paranaguamirim e o Ulysses Guimarães. Na casa de Samuel, que vive com a mãe e os dois irmãos no mesmo terreno que os avós, são seis crianças, entre irmãos e pequenos tios. Em breve chegará a sétima, já que a avó, Marilene, 42 anos, espera mais um bebê.

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Atualmente, a pastoral atende a cerca de 550 crianças, mas a irmã Salete Wiggers já viu muitas outras crescerem desde que o projeto da Igreja Católica teve início. A partir dele, mulheres da comunidade fazem cursos para se tornarem líderes e realizarem visitas mensais às casas com menores de seis anos. São 25 voluntárias que caminham por mais de cem ruas do bairro para fazer o acompanhamento das mulheres durante a gestação e o desenvolvimento dos recém-nascidos e garantem que, além de bem alimentados e saudáveis, todos tenham tenham acesso à cidadania.

— Nós saímos de casa pensando nos problemas e ouvimos tantas histórias, encontramos tantas realidades diferentes, que percebemos que os nossos problemas são, na verdade, muito pequenos. Estar com eles, saber que somos esperadas, faz muito bem — afirma a voluntária Ema Esser.

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Ao contrário do cenário encontrado há 12 anos, quase não há desnutrição por falta de alimentos, mas obesidade associada à deficiência de vitaminas e minerais. Por isso, a pastoral também oferece orientações para alimentação saudável. O trabalho da Pastoral da Criança consiste em, além das visitas às residências, fazer a pesagem das crianças uma vez por mês, no mesmo dia em que oferecem lanches saudáveis e profissionais ensinam brincadeiras tradicionais. Às mães, são oferecidas ainda palestras sobre direitos e orientações para educação das crianças.

Quando Salete chegou ao Jardim Paraíso, boa parte dos atendimentos ocorria em ocupações irregulares. Agora, crianças como o pequeno Samuel já vieram ao mundo com a família vivendo em casa própria, em um lugar com infraestrutura. A mãe dele, Adriele de Souza, 21 anos, lembra que o filho mais velho, Kauê, de cinco anos, era bebê quando ela mudou para o Jardim Paraíso e recebeu a primeira visita da pastoral. Com o apoio do projeto, sempre teve a quem recorrer quando precisava de roupinhas e de ajuda para as crianças. Agora, amamenta seus dois bebês, Samuel e Kesli, de um ano e quatro meses, seguindo as lições da pastoral: encher os filhos de saúde e de amor.