Para quem entra na Catedral Metropolitana de Florianópolis, o acesso ao campanário é feito por uma porta localizada do lado direito. Dali sobe-se por uma escada com degraus em madeira em espiral. O formato segue o original de uma grande obra feita em 1922.Os sinos foram instalados em lugares diferentes. O primeiro que se avista é grande. Apesar da engrenagem, assim como os demais é movido eletronicamente. A visitação, no entanto, não é aberta ao público. É necessária uma autorização para a entrar no local.
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O caminho é estreito e chega-se num ponto que tem outra porta de madeira grossa, fechada com cadeado. Por isso, é necessário que seja aberta para se alcançar as torres. Os degraus seguem em modelo de leque e bem desgastados pela ação do tempo. À medida que se avança, surgem aberturas nas paredes de cimento: servem para ventilação. É preciso atenção para subir, pois o trecho segue íngreme e a escada sem corrimão.

Os sinos foram instalados em lugares diferentes. O primeiro que se avista é grande. Apesar da engrenagem, assim como os demais é movido eletronicamente. Um pouco à frente aparece o segundo. Para se alcançar ao topo do campanário, uma espécie de terraço, é preciso percorrer nova escada. Dali se avista a cidade: a Praça XV parece um tapete verde e as águas da baía sul espelham o Morro do Cambirela. Olhando para os fundos da igreja se avista a Rua Arcipreste Paiva.
Dentro das torres se encontram dois sinos. Estão distribuídos dois a dois nas torres, os de maior peso na seção inferior, os de peso médio na seção superior da torre, e o quinto sino, o menor, sobre o frontão triangular, sustentados por uma armação com barras de ferro.

O espaço das torres é protegido por telas de arame para impedir a presença dos pombos que costumam fazer os ninhos. Um sino menor, o fúnebre, se encontra na parte aberta. No lado externo dá para ver a inscrição Paróquia Nossa Senhora do Desterro, ano de 1879, e o nome São Joaquim. Tem ainda o Brasão Imperial. Já os dois sinos doados por Dom Pedro II tem a cruz da ordem de Portugal.
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Antes de ganharem forma, sinos passam por um longo processo:
Horário das missas na Catedral Metropolitana
Segunda a sexta-feira: 6h30min, 12h15min, 18h15min
Sábado: 18h15min
Domingo: 7h30min, 9h30min, 18h, 19h30min
Muito além da religião
* No século 18, tempo em que o Brasil era colônia de Portugal, homens vigiavam a entrada da Baía da Guanabara para avisar sobre a chegada de navios corsários. Do alto do Mosteiro da Glória, eles batiam os sinos para chamar a atenção dos moradores que conheciam o toque anti-invasão.
* Também no Rio de Janeiro, a nossa primeira capital federal, existiu um intendente-geral de polícia chamado Teixeira de Aragão que criou um toque de recolher às 18h. A intenção era diminuir a criminalidade. Com o tempo, o toque que passou a ser chamado de Aragão, serviu como corretivo para os escravos que ficavam na rua: eram açoitados.
* Até o início do século 19, a maior parte dos sinos das igrejas do Rio era importada de Portugal. No Brasil, a forja só passou a ser feita com qualidade, em 1808, pelas mãos do mestre fundidor e sineiro João Batista Jardineiro, que veio com a família real e fez sinos para diversas igrejas. O trabalho de sineiro era braçal. Por isso, até o século 19, a maior parte da mão de obra era escrava.
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Em Minas, patrimônio imaterial
* A tradição, também presente nas cidades mineiras de São João Del Rey, Ouro Preto, Congonhas, Mariana, Diamantina, Sabará, Serro, Catas Altas e Tiradentes, é uma referência importante para o cotidiano e identidade local. Em 2009, foi declarado patrimônio cultural imaterial do Brasil.
* São João Del Rey é conhecida como a terra onde os sinos falam, pois carrega uma cultura secular de sineiros que encantam a cidade em dia festivo. Existe até uma linguagem dos sinos com padrões e toques especiais para cada celebração.
* Toques, repiques, e improvisos marcam a rotina dos moradores. Essa cultura de se comunicar por meio dos toques musicais foi trazida ao Brasil pelos portugueses, principalmente para registrar celebrações da igreja católica.
Ritmo africano
* Mas um estudo comprovou que o conteúdo musical dos sinos em Minas também tem forte influência de ritmos afro-brasileiros.
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* O estudante de música da Universidade Federal de São João Del Rei (UFJS), Yuri Vieira, estudou o dossiê feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que documentou a tradição dos sinos. Conforme Yuri Vieira, muitos livros contam a história de atuação dos negros escravizados como sineiros. Assim, o pesquisador fez uma conexão: sendo os negros responsáveis por tocar os sinos e tinham uma origem musical muito própria, pode ser que tenham colocado um pouco de ritmos deles nas badaladas.
Toque padrão
* Em 1707, o bispado da Bahia padronizou os toques de sinos do Brasil com os de Portugal e formalizou a decisão em um documento, que foi distribuído para várias cidades do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Convocação para revoltas
* Está nos livros de história da Bahia: em 25 de outubro de 1836, os sinos tocaram para chamar a 'Cemiterada', revolta de participação popular organizada pelas irmandades e ordens terceiras de Salvador contra a criação do Cemitério do Campo Santo e, principalmente, contra a lei que entraria em vigor proibindo o tradicional costume de fazer enterros nas igrejas. Para convocar o povo, que se reuniu no Terreiro de Jesus, vários sinos foram tocados na cidade.
O czar dos sinos
* Considerado o maior sino do mundo, o Tzar Kolokol, na Catedral de Assunção, em Moscou, na Rússia, foi fundido em 1733 e mede sete metros de altura, seis de diâmetro e pesa 201 toneladas.
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