Um motorista de caminhão foi mantido refém por quase oito horas em um assalto na BR-101, próximo ao Morro dos Cavalos, em Palhoça. Altemar Kervalt Nunes, de 45 anos, foi rendido por bandidos, que acionaram o “mão amiga” – espécie de freio de mão da carreta – e fizeram o veículo parar.
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– Um homem chegou na janela com uma arma e falou “perdeu, perdeu” – conta Altemar.
O motorista foi levado para a cama que fica na cabine e obrigado a ficar de bruços, debaixo de cobertores, para não identificar os criminosos. Altemar contou que além do homem que apontou a arma, outro subiu na cabine para desmontar o painel e retirar o rastreador veicular.
Os bandidos dirigiram o caminhão na direção Sul da BR-101. Pararam perto do local onde estão construindo o posto de pedágio, em Paulo Lopes, e mandaram Altemar descer do veículo. Ele conta que foi vigiado por um dos bandidos até às 6h, à beira da rodovia.
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Fora de casa há 17 dias
Altemar estava há 17 dias fora de casa. Ele saiu de Maceió (AL) para Curitiba (PR) com uma carga de PVC, e quando foi abordado seguia com o veículo descarregado em direção a São Leopoldo (RS), onde morava. A carreta foi deixada em Imbituba, no Sul do Estado. O motorista fez um Boletim de Ocorrência na delegacia de Palhoça.
Segundo o delegado Marcelo Arruda Almeida, o documento será analisado para só depois definir quem fará a investigação.
O crime do mão amiga
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Florianópolis (Sindicargas), Júlio César Hess, explica que o crime do mão amiga é comum em São Paulo e Mato Grosso, mas não em Santa Catarina.
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– Eles sobem na carreta quando ela está parada ou com velocidade reduzida. Geralmente emparelham um carro e puxam o “mão amiga” – detalha.
Júlio afirma que este tipo de crime pode ser pelo menos dificultado, se o motorista colocar cadeado e lacre no “mão amiga”.
O caminhão roubado deve ser levado para desmanche ou revendido no Paraguai.
“Passei a noite inteira acordado”
O caminhoneiro Altemar Kervalt Nunes fala sobre as horas de tensão:
Hora – Você já tinha sofrido assalto na estrada?
Altemar Kervalt Nunes – Tenho 24 anos de profissão e nunca tinha acontecido.
Hora – Chegou a ser ameaçado?
Altemar – Não. O tempo inteiro falaram que não iria acontecer nada comigo.
Hora – Mesmo assim teve medo?
Altemar – Tranquilo a gente nunca fica. Passei a noite acordado com um moletom na cabeça, na chuva. Até 6h fui vigiado.
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Hora – Como pararam a carreta?
Altemar – Fiz um lanche em Barra Velha e não parei mais. Acho que um deles subiu na carreta e outro já esperava no Morro dos Cavalos, onde o que estava na carreta puxou o “mão amiga” e um deles me abordou.
Hora – Como foi quando você desceu do caminhão? Altemar – Colocaram um moletom na minha cabeça. Aí fiquei perto do pedágio de Paulo Lopes. Não fiquei amarrado.
Hora – Como foi libertado?
Altemar – Não consegui enxergar, mas ouvi um carro chegando e alguém gritando “ô fulano”. Me disseram para ficar ali uns 20 minutos e ir embora.
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Hora – Como fez para chegar em Palhoça?
Altemar – Fiquei chamando carros. Demorou quase uma hora para alguém parar e chamar a polícia. Fui com os policiais até Garopaba procurar as carretas. O rastreador foi cortado em Paulo Lopes. Depois um caminhão da empresa achou as carretas em Imbituba.
Hora – O caminhão era da empresa?
Altemar – Sim. Eu mesmo perdi minha televisão, o rádio comunicador, meus celulares e R$ 500.