A passeata que partiu do centro do Rio no meio da tarde desta quinta-feira segue pela Avenida Rio Branco. Segundo a Globo News, são cerca de 8 mil pessoas envolvidas na manifestação. As pessoas levam faixas e cartazes pela desmilitarização da PM e lembram a morte de 10 pessoas, na operação ocorrida na segunda-feira, na Favela Nova Holanda, uma das comunidades do Complexo da Maré.
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“A polícia que reprime na avenida é a mesma que mata na favela” é o dizer de uma das faixas da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência. Mais cedo, um grupo de estudantes e moradores do Complexo da Maré se reuniram no Largo São Francisco, em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ para discutir a ação da polícia e confeccionar cartazes para o ato. Eles marcaram ato ecumênico na Favela Nova Holanda, em memória dos dez mortos, para terça-feira.
O 13º protesto da cidade do Rio de Janeiro tem como destino a Cinelândia. Um grupo de 30 indígenas da Aldeia Maracanã participa do ato. Nesta tarde, os advogados da Aldeia entraram com novo recurso na Justiça para tentar a reintegração de posse do antigo Museu do Índio, de onde foram obrigados a sair por causa das obras no estádio do Maracanã.
– Mas sabemos que quem vai nos reintegrar à Aldeia Maracanã somos nós que estamos nas ruas. Nós é que somos os defensores públicos dos direitos humanos. Viemos aqui pedir apoio à população_, disse o advogado Aarão da Providência Araújo Filho, um índio guajajara.
Antes de chegar à Cinelândia, os manifestantes devem ir à Rua da Assembleia, onde fica a sede da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), entidade que congrega os dez sindicatos de empresas de ônibus no Estado.
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Passeata é marcada pela volta de bandeiras de partidos
Durante a caminhada pela Avenida Rio Branco, centenas de PMs acompanharam de perto os manifestantes, formando praticamente um cerco ao grupo. Até as 19h30 não havia registro de confusão. Os gritos “Resiste, Maré”, “A favela tá na rua, Cabral a culpa é sua” e “Pula, sai do chão, quem é contra o Caveirão” foram repetidos diversas vezes na Rio Branco.
Durante a manifestação, o deputado Marcelo Freixo (PSOL), presidente da comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, disse que teve uma reunião nesta quinta-feira com o secretário estadual da Segurança, José Mariano Beltrame, na qual entregou imagens que, segundo ele, mostram um grupo de nazi-fascistas atacando militantes de esquerda na passeata de quinta-feira, que reuniu mais de 300 mil pessoas na Avenida Presidente Vargas.
“Uma coisa é o sentimento da população contra partidos, outra são esses ataques, que precisam ser investigados”, disse Freixo. Na segunda-feira, durante manifestação realizada na Rio Branco por grupos como a União Contra a Corrupção (UCC), estandartes de partidos políticos foram vetados. Na reunião de Freixo com Beltrame foi abordada a violência policial contra manifestantes no centro do Rio após o ato de quinta e a ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM na Maré. “O diálogo foi ótimo, agora tem que ter um desdobramento, com investigações.”
Freixo também pediu que haja diálogo da PM com manifestantes para evitar problemas no domingo, quando será realizada a final da Copa das Confederações, no Maracanã. Na manifestação desta quinta, muitos pediam em faixas e cartazes a desmilitarização da PM. Um grupo de 30 indígenas expulsos pelo governo estadual do prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã, participou do ato. Dezenas de PMs da Tropa de Choque cercaram o prédio da assembleia legislativa, palco de violento confronto na semana passada.
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