Uma passagem de fronteira na Turquia, cenário de um engarrafamento diário com vários caminhões, se transformou no ponto trânsito da ajuda humanitária para os sírios retirados de Aleppo, cidade prestes a ser reconquistada pelo regime de Bashar al-Assad.

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O posto de Cilvegözü, na província de Hatay (sul), fica em uma região agradável, onde muitos não visualizam o horror da guerra que acontece dezenas de quilômetros mais ao sul.

A Turquia, que dá abrigo a quase três milhões de refugiados, em sua maioria sírios, optou nos últimos meses por oferecer ajuda no país vizinho, ao invés de aceitar mais migrantes em seu território.

Mas em Cilvegözü, diante da passagem síria de Bab al-Hawa, muitas organizações se mobilizaram com a situação no país vizinho e várias ONGs desempenham um papel vital no envio de ajuda humanitária para os civis de Aleppo deslocados na província vizinha de Idlib.

A cada dia, dezenas de caminhões do Crescente Vermelho turco e da ONG islâmica turca IHH seguem para a Síria, mas não para Aleppo e sim aos campos que abrigam milhares de pessoas perto da fronteira.

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– Comida, fraldas, roupa –

Os caminhões turcos não podem atravessar diretamente a fronteira e precisam descarregar as mercadorias em caminhões sírios na fronteira, explica Izzet Sahin, da IHH.

“É um trabalho exigente”, declarou à AFP no centro logístico das ONGs em Bab al-Hawa, a quase um quilômetro da fronteira turca.

“A passagem de caminhões turcos em território sírio continua sendo considerada um problema por razões de segurança, disse.

Desde o início do mês, o Crescente Vermelho turco enviou 216 caminhões e a IHH 381, todos com ajuda humanitária.

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“Venho de Konya”, centro de Anatolia, afirma um caminhoneiro enquanto aguarda para atravessar a fronteira.

“Transporto comida, fraldas para bebês e roupas para os sírios”.

A Turquia planeja instalar um imenso “campo de barracas de campanha” na província de Idlib, que pode abrigar no máximo 80.000 sírios que deixaram Aleppo.

De acordo com as autoridades turcas, três áreas foram identificadas para a construção.

“A Turquia tem administrado com sucesso operações humanitárias deste tipo. Não há nenhum problema”, afirma uma fonte turca.

Ancara começou a instalar um campo similar para mil pessoas na cidade de fronteira de Reyhanli. O local receberá feridos, deficientes e seus familiares.

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– Carros fúnebres –

Desde o início da guerra na Síria, em 2011, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan defende uma política de portas abertas para os sírios.

Mas na realidade a entrada dos sírios no país se tornou algo complicado, já que Ancara prefere atendê-los na própria Síria.

Um dos objetivos da intervenção militar turca na Síria consiste em criar uma “zona de segurança” na qual possam ser instalados os deslocados.

Os hospitais turcos atendem, no entanto, os sírios gravemente feridos.

Desde o início da retirada na semana passada, 131 feridos de Aleppo, incluindo 46 crianças, foram levados para a Turquia.

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Cinco faleceram e carros fúnebres turcos transportaram os corpos até a fronteira.

A Turquia, um dos países mais críticos em relação ao regime de Damasco, é, ao lado da Rússia, um dos países que negociou o cessar-fogo que permitiu a retirada de civis e rebeldes do leste de Aleppo.

fo/fp