Quem entra e sai dos ônibus do transporte público em Blumenau afirma que se depara constantemente com desentendimentos entre os usuários e até mesmo confusões generalizadas. Na última semana, dois casos reacenderam a discussão sobre a segurança nos terminais urbanos da cidade.

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Um deles foi registrado no Terminal da Fonte, na sexta-feira (9), e o outro, de maior repercussão, na noite desta segunda (12), quando cinco viaturas foram deslocadas ao Terminal do Aterro para conter um briga. Duas pessoas acabaram detidas e vídeos circularam nas redes sociais mostrando que foram necessários tiros de balas de borracha para a Polícia Militar controlar a situação.

Segundo a PM, um dos suspeitos é menor de idade e foi apreendido pelo crime de lesão corporal, enquanto o outro foi preso por desacato, resistência à abordagem e tentativa de agredir os policiais. Ainda na segunda-feira, a briga era comentada pelos usuários, motoristas, cobradores e funcionários dos terminais. Algumas pessoas afirmaram já ter visto cenas do tipo e que se sentem inseguros.

– No Terminal do Aterro, já vi uma menina invadir um dos ônibus para bater em uma passageira com um capacete. Ela foi tão violenta que chegou a sangrar a testa da menina. Foi horrível. Ainda por cima, o pessoal que estava dentro do ônibus, em vez de tentar ajudar a separar, gritava para continuar. Eles incentivavam. A gente se sente insegura. Não bastasse a questão de estarmos vulneráveis a assédios, ainda podemos sofrer uma agressão – lamenta a usuária Evelin Cardoso.

Outros passageiros revelam que se sentem inseguros quando precisam passar pelo terminal no Salto do Norte.

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– A gente fica com medo que esse pessoal possa fazer alguma coisa com a gente, que não tem nada a ver com a briga deles. É uma situação bem complicada. Bom seria se a polícia pudesse ter uma base, assim quem sabe eles ficariam mais intimidados – afirma a passageira Sulamita Campos.
Usuários contam que as confusões são frequentes
Usuários contam que as confusões são frequentes (Foto: Nathan Neumann)

O tenente da Polícia Militar de Blumenau, Nicolas Marques, lembra que viaturas fazem operações coordenadas nos terminais e que casos de tumulto, como o registrado na segunda-feira, são frequentes, gerando chamados quase toda semana.

– Aquele local já tem gerado alguns problemas para nós. Ao menos uma vez por semana somos acionados em razão desse mesmo grupo, do qual a maioria é menor de idade e quase todos com passagens criminais. São jovens que estão no mundo do crime, que usam drogas e estão naquele local incomodando os trabalhadores e ofendendo o próprio vigilante, que fica ali para protegê-los – afirma Marques.

Nos vídeos feitos na noite de segunda-feira é possível ver um dos adolescentes questionando a ação dos policiais no momento da abordagem. Marques afirma que os trabalhos foram necessários, pois um dos jovens resistiu à abordagem e apresentava riscos à guarnição.

Quando chegamos, seguimos os procedimentos e abordamos eles, mas eles quiseram afrontar e foi necessário o apoio de outras viaturas para que a gente pudesse fazer a ação de efeito de choque, que ocorre quando há massificação da presença policial para restabelecer a ordem o mais rápido possível. Foi até necessário dois ou três disparos de arma não letal, a famosa munição de borracha, porque um dos jovens estava com um objeto na mão, possivelmente uma pedra ou paralelepípedo, com o objetivo de jogar nos policiais. Para evitar o embate direto, foram efetuados os disparos, que não provocaram danos a ninguém, para que a gente pudesse controlar de imediato a ocorrência – reforça Marques.

Confusão na segunda-feira mobilizou cinco viaturas
Confusão na segunda-feira mobilizou cinco viaturas (Foto: Reprodução internet)

Seterb avalia que casos são atípicos

Ao contrário do que os usuários afirmam presenciar, o presidente do Seterb, Marcelo Schrubbe, avalia que casos como estes não são frequentes e que o tipo de comportamento agressivo não condiz com a conduta de quem usa o transporte coletivo diariamente.

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– Esses casos são atípicos, não havíamos mais registrados dessas situações há um bom tempo. O Seterb e a Blumob não têm a responsabilidade de fazer a segurança. Compete a nós fazermos a segurança patrimonial dos terminais e dos patrimônios. Nas ocorrências não houve depredação, apenas desentendimento entre algumas pessoas. Além disso, entendemos que isso não faz parte do perfil dos nossos usuários – afirma Schrubbe.

Em relação ao tráfico e consumo de drogas nos terminais, o presidente informou que tomou as providências de levar as denúncias às forças policias que são quem devem combater as ilicitudes.

– Nós já estamos cientes da questão do tráfico de drogas em alguns terminais. Em relação a isso, já entrei em contato com o comandante da Polícia Militar, Jefferson Schmidt, e com o delegado regional da Polícia Civil, Egídio Ferrari, para que nós possamos fazer aquilo que nos compete, que é ceder imagens das câmeras de segurança e auxiliar no que for preciso. Afinal. esse problema da venda e uso de drogas não é uma particularidade dos terminais, é uma questão social – defende o presidente da autarquia.

Mudanças na estrutura passariam por concessões dos terminais

A Polícia Militar disse à reportagem que não há condições de manter diariamente uma guarnição fixa no local. Um dos meios de tentar inibir a ação dos adolescentes passaria pela melhoria na fiscalização de entrada dos terminais e na iluminação dos locais, na avaliação da PM.

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O Seterb apontou que estuda tais possibilidades, mas que de imediato grandes investimentos nas estruturas implicariam no aumento do valor das passagens e que uma das alternativas avaliadas é a concessão dos espaços para a iniciativa privada através de concessões.

– Já estamos estudando formas de melhorar algumas coisas como a iluminação, em especial no Aterro, e outras medidas que não possuem tanto custo. Já na melhoria de estruturas, isso teria um custo maior. Portanto, já se cogita a possibilidade de conceder a administração dos terminais, junto com a rodoviária, para o setor privado, que ficaria responsável por adequar a segurança – conclui Schrubbe.

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