A volta dos ônibus do transporte coletivo de Joinville gerou reclamações de passageiros que mostram preocupação com a falta de distanciamento entre as pessoas e uma aparente lotação dentro dos coletivos nos primeiros dias. O transporte foi retomado na cidade na última segunda-feira com limite de 60% da ocupação, incluindo passageiros sentados e em pé.
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Uma foto registrada na segunda-feira no ônibus que fazia a linha Iririú/Centro, às 19h25, circulou em redes sociais mostrando a falta de distanciamento: pessoas em pé próximas uma das outras e passageiros sentados lado a lado. Segundo a autora da foto, que não quis ter o nome divulgado, a mesma cena se repetiu na manhã do dia seguinte.
De acordo com ela, o motivo da aparente lotação no ônibus de segunda-feira foi pelo horário reduzido da linha. O intervalo entre os ônibus desta linha naquele horário era de 25 minutos, causando a aglomeração. No dia seguinte, o intervalo foi menor e houve melhorias. Segundo ela, “tinha bastante gente, mas em bancos separados”.
Até a semana passada, ela se deslocava ao trabalho por meio de aplicativos de transporte individual de passageiros pago pela empresa. No entanto, com o retorno dos ônibus ela voltou a usar o transporte coletivo diariamente.
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– A gente espera que tudo volte ao normal, mas com segurança. Os ônibus ajudam, mas se tiver cuidado porque não adianta as pessoas se contaminarem – apontou.
Na segunda-feira, ela fez denúncias à prefeitura sobre a aparente lotação. O município afirma que tem recebido outras comunicações, mas até o momento nenhuma foi comprovada. Na última terça-feira, por exemplo, a linha Itaum/Centro foi uma das mais questionadas.
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Prefeitura monitora denúncias e orienta população
Segundo a gerente da Vigilância Sanitária, Edilaine Pacheco, a linha era feita por um ônibus biarticulado com capacidade de ocupação máxima de 78 pessoas, já dentro das regras de segurança de prevenção ao coronavírus. Ela foi monitorada durante todo o dia e chegou a circular com, no máximo, cerca de 60 pessoas.
Edilaine explica que as equipes da prefeitura estão indo aos terminais para fazer uma contagem dos ônibus por amostragem. Alguns terminais ainda contam com fiscais da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) orientados para monitorar o cumprimento das regras.
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A gerente da Vigilância Sanitária também ressalta que todos os ônibus têm planilhas de controle de lotação, tanto na entrada embarcada no terminal, quanto das catracas. A prefeitura também tem acesso aos dados para monitoramento.
– Neste momento, o cidadão precisa respeitar as regras individuais porque a empresa está cumprindo as regras – reforça.
A prefeitura orienta os usuários do transporte coletivo a denunciar casos de desrespeito às regras sanitárias por meio da ferramenta Web Saúde, que funciona via WhatsApp. O usuário cadastra o telefone 47 3481-5165 (tem que colocar o 47) e depois vai receber as opções de informações. A dica é acionar o item Vigilância Sanitária, que realiza as fiscalizações.
Em caso de denúncia, é recomendado que o usuário faça a contagem dos passageiros para verificar se a ocupação está acima do permitido. Os paineis dentro dos ônibus foram atualizados indicando a capacidade permitida dentro das novas regras de segurança.
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Distanciamento entre passageiros não está previsto nas regras
As regras estabelecidas pela prefeitura para o retorno do transporte coletivo em Joinville não prevem um distanciamento entre os passageiros dentro dos ônibus. O que é determinado é a ocupação máxima de 60% de lotação, o que significa ter todos os assentos ocupados, além de algumas pessoas em pé – isso é variável de acordo com o tamanho do ônibus.
A gerente da Vigilância Sanitária explica que o modelo foi pensado dentro de um risco calculado. Isso porque os passageiros já são monitorados antes de entrar no terminal nas barreiras sanitárias, onde têm a temperatura aferida e acesso ao álcool em gel. Algumas pessoas também passam por testes rápidos para diagnóstico do coronavírus.
A partir disso, o passageiro entrará no ônibus onde também haverá álcool em gel para higienização. Todos são obrigados a usar máscaras, o que evita que o vírus seja expelido no ar. A orientação é de que os passageiros evitem conversar, levar as mãos ao rosto e usar o celular. Isso ajuda a evitar a contaminação mesmo que a pessoa tenha tocado em uma superfície com a presença do vírus.
– É feito assim porque dentro do ônibus é um prazo determinado, um curto espaço de tempo entre o local onde a pessoa entrou até onde vai descer. Ela vai ficar sentada ou em pé com máscara, mãos higienizadas porque tem o álcool em gel. Também não vai tocar no rosto ou na máscara, e se ficar sem conversar nesse período não tem como expelir o vírus mesmo que ela esteja contaminada – explica a gerente da vigilância sanitária.
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Além disso, Edilaine explica que o produto usado pelas empresas na higienização dos ônibus deixa resíduos na superfície que continuam agindo no local, ampliando o período de proteção. Ela reforça ainda o papel da população nos cuidados para evitar o coronavírus.
– O transporte foi liberado para ser usado com consciência por quem precisa. Os passeios precisam ser evitados. Precisamos que a população colabore – ressalta.
Empresas estão usando ônibus extras para evitar aglomerações
As empresas Gidion e Transtusa, responsáveis pelo transporte coletivo de Joinville, afirmam que estão fazendo o monitoramento da frequência das linhas de ônibus para tentar evitar as aglomerações dentro dos coletivos. Elas garantem que os ônibus estão saindo dos terminais com ocupação inferior aos 60% permitidos porque durante a viagem mais passageiros esperam nos pontos espalhados pela cidade.
Nos casos em que a demanda esgota a capacidade do veículo ainda dentro do terminal, as empresas colocam ônibus extras que saem como complemento de horário para garantir a coleta de passageiros nos pontos. Segundo as empresas, o sistema está trabalhando com a frota reserva extra nos terminais para ter mais agilidade no atendimento da demanda. No primeiro dia, foram usados 19 horários extras, número que subiu para 25 no segundo dia.
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As empresas também reforçaram que a presença de passageiros em pé não significa ter ultrapassado a ocupação de 60%. Isso porque o espaço em um ônibus urbano é composto por poltronas (30%) e área para ficar em pé (70%). As regras estabelecidadas pela prefeitura preveem ocupação máxima total de 60% (sentado + em pé).
Gidion e Transtusa também explicaram que fixar pontos de ancoragem dentro do ônibus para tentar estabelecer um distanciamento entre os passageiros iria dificultar a locomoção. Segundo elas, “o ônibus urbano é um organismo vivo, onde as pessoas transitam no seu interior para atender às suas necessidades”.