Bastou uma hora de observação na rotina das balsas que cruzam o Rio Itajaí-Açu entre os centros de Itajaí e Navegantes para identificar o descumprimento de uma norma da Marinha, essencial para a segurança de tripulantes e usuários do serviço.
Continua depois da publicidade
Durante o trajeto de 300 metros, com duração média de cinco minutos, motoristas e passageiros devem sair dos veículos. A determinação é de 2005, mas a Empresa de Navegação Santa Catarina, responsável pela travessia, alega que ainda está se adequando e cobra mais educação das pessoas que usam o transporte.
Embora não haja registro de acidentes nos últimos 10 anos, segundo a Marinha, se houver pessoas dentro dos carros, as chances de sobreviver a um possível naufrágio são remotas.
Entre às 11h30min e 12h30min de quinta-feira, a reportagem de O Sol Diário fez seis travessias e flagrou 38 vezes o descumprimento da determinação. Neste período, apenas a passageira de um táxi obedeceu à norma.
Assim que as balsas lotam, o condutor da embarcação aciona o sistema de som que informa que todos devem permanecer fora dos veículos durante a travessia, retornando ao interior no final, quando a embarcação estiver atracada no terminal. Neste momento, todos saem. Contudo, o problema surge dois minutos depois.
Continua depois da publicidade
No meio do caminho, a maioria retorna aos carros. Há oito meses na função de marinheiro de convés, Valdemiro da Silva conta que é estressante ter que pedir para alguém sair do carro.
– Eu peço com educação. O pessoal pensa que é coisa nossa, mas é determinação da Marinha. Um amigo de trabalho foi ameaçado há um tempo. Quase apanhou. Muitas vezes somos humilhados e, aí, não temos o que fazer – resigna-se Silva.
O empresário Claudio Juiti cruza o Rio Itajaí-Açu duas vezes por semana. Ele não espera a embarcação estar totalmente atracada ao terminal para retornar ao veículo.
– Quando eu vejo que a balsa está perto de atracar eu já entro no carro. Se eu sinto que o ferry está em uma área de segurança, não titubeio – diz.
Continua depois da publicidade
Para o gerente de logística Salomão Rocha, a medida oferece segurança. Por isso, mesmo em dias de chuva, fica do lado de fora do carro.
– Tem dias que para tirar todos dos carros leva mais tempo do que a travessia de uma margem a outra do rio – fala.
Wilimar Keller, gerente da Empresa de Navegação Santa Catarina, operadora das seis balsas que fazem a travessia do Rio Itajaí-Açu há mais de 20 anos, acredita que a partir de dezembro a empresa atenderá integralmente a norma da Marinha. Isso porque as balsas terão condições de acomodar pessoas com dificuldade de locomoção, deficientes físicos e gestantes, por exemplo.
Além disso, Keller aponta que a empresa estuda maneiras de cobrir as embarcações maiores. Hoje, da forma como foram construídas, explica, se tiverem cobertura vão criar uma espécie de balão – o que pode deixar a embarcação à deriva em dias de vento forte.
Continua depois da publicidade
– Há casos em que essas pessoas não querem sair dos carros. Aí, temos que colocar coletes salva-vidas nos retrovisores dos automóveis, como forma de protegê-las. Estamos adequando as balsas para que todos saiam dos veículos – explica Keller.
Mesmo assim, o gerente alega que os motoristas são grosseiros com os tripulantes e avalia que a medida é difícil de ser cumprida. Quanto ao tempo para adequação, Keller argumenta que foi dada prioridade para a ampliação dos terminais de embarque e desembarque e a construção de embarcações com mais capacidade.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade